Pere Ubu é uma banda de rock experimental vanguardista formada em Cleveland, EUA, em 1975. Ao longo da carreira, teve diversos membros com incontáveis formações, sendo que o vocalista David Thomas é o único constante. O nome da banda vem de Père Ubu (“Pai Ubu”), o protagonista de Ubu Roi (“Ubu, o Rei), uma obra teatral e surrealista do escritor francês Alfred Jarry.
Apesar do Pere Ubu nunca ter sido uma banda popular, eles foram elevados ao título de banda cult após a produção do seu primeiro e mais famoso álbum, The Modern Dance (que analiso neste post).
A partir daí, passaram a ter diversos seguidores devotados, além de influenciar diversas gerações de músicos vanguardistas do mundo inteiro. Críticas e opiniões sobre o Pere Ubu incluem, “A mais original e importante banda da geração new wave”. “A única banda de rock’n’roll expressionista do mundo” e “A banda irmã de Velvet Underground, no sentido de quem ouvir vai amar ou odiar instantaneamente”.
Devido a diversas brigas e desentendimentos, falta de apoio e sucesso restrito, a banda acabou se distanciando após lançarem o álbum dadaísta The Art Of Walking e Song Of The Bailing Man. Eles retornaram, porém, em meados dos anos 90, sendo que com o passar dos anos foram se convertendo sutilmente a uma música de inclinação mais popular, mudança essa que chegou a desagradar alguns fãs mais antigos.
Confira mais sobre Pere Ubu no post do dia 18/01/2010
The Modern Dance (1978)
Download: The Modern Dance - Pere Ubu
CURIOSIDADES DO ÁLBUM
- Mostra a face assustadora do rock absoluto – parece totalmente engajado no gênero e, ao mesmo tempo completamente fora de sua lógica
- Esticou os limites do rock para além de qualquer ponto de ruptura, numa configuração única de riffs de rock, musique concrète e estruturas de composição imprevisíveis
- Influenciou todo o rock alternativo que veio depois
OUÇA AS FAIXAS E COMPARE COM A ANÁLISE MUSICAL:
DESTAQUES EM VERMELHO
01 – Non-Alignment Pact
00:00 – Cuidado com o volume do rádio! No início da música temos uma nota super aguda martelada na cabeça e quatro notas no baixo; 00:22 – Entra a guitarra e a nota aguda só vai embora em 00:34 – o riff é de 3 acordes ascendentes seguidos de um descendente; 00:45 – o apito retorna ao final das frases do canto, só que não mais de forma contínua; 00:58 – no refrão a nota aguda se tranforma em sons ondulados dando um efeito psicótico; 01:10 – repetição; 01:35 – o instrumental dá uma aliviada, a voz fica em destaque e surgem sons semelhantes a assobios que se apresentam de forma caótica; 01:48 – a bateria ressurge discretamente; 02:02 – novamente o refrão; 02:13 – a guitarra repete rapidamente o mesmo acorde, a nota aguda retorna constante e o baixo vira o destaque, até que novamente escutamos o refrão e após, o final.
02 – The Modern Dance
00:00 – guitarra e baixo na mesma linha 00:06 – entra a bateria e em seguida os vocais brincando de pergunta e resposta; 00:43 – breque e na sequência sons de falas caóticas e música só é identificada pela presença da guitarra; 01:13 – retorna a levada blues e as perguntas e respostas dos vocais; 01:53 – novo breque e as falas caóticas anteriores dão lugar a som de risadas; 02:30 – a guitarra surge totalmente distorcida e na sequência o blues; 03:21 – a cadência capitaneada pelo piano.
03 – Laughing
00:00 – um leve trabalho da guitarra ao fundo e instrumentos de sopro modulando constantemente chamando a atenção; 02:05 – o ritmo acelera e o canto entra tremido, a música é totalmente exótica, mais adiante entram risos, falas, grunhidos e outras loucuras.
04 – Street Waves
Com um riff simples de guitarra, sons fantasmagóricos de ecos ao fundo e o canto estragado dão o tom desta música que já tem um formato mais “normal”.
05 – Chinese Radiation
00:00 – um ameno começo ao violão, o sintetizador aguarda um pouco para entrar com seus efeitos, o vocal parece que erra a entrada, mais vai assim mesmo, depois começa a falar; a música parece que termina, até surgem aplausos, mas não; 01:34 – o negócio acelera, o cantor conduz a platéia a um êxtase cada vez maior; 02:36 – quase silêncio total, o piano dá alguns acordes e os deixa soar, a bateria aparece ainda acelerada e a voz retorna até que é cortada aparentemente no meio da frase. Muito interessante.
06 – Life Stinks
A baixaria abre a música, o vocal entra totalmente “fora da casinha” e a coisa só “piora” com urros e modulações insanas, parece que estão esganando um peru!
07 – Real World
00:00 – silêncio, estática, notas ao acaso do baixo com resposta da guitarra; 00:34 – entra a bateria e o baixo passa a seguir uma linha mais regular; 00:50 – a voz se apresenta mantendo o clima estranho de uma conversa afetada e cheia de sobressaltos, a afinação é discutível e assim a coisa segue até o final.
08 – Over My Head
A gravação apresenta chiados propositais de disco de vinil. Sons agudos que lembram vozes de baleias, guitarra executando harmônicos, voz trêmula e backing vocals. Tudo isso para mostrar um som sombrio. 01:54 – o surdo da bateria soa como em rituais afro e a guitarra faz um pseudo-solo com o uso de distorção.
09 – Sentimental Journey
O Pere Ubu brinca com nossas percepções apresentando uma série de sons não musicais como suspiros, vidro, eletricidade, etc. É perturbador! 02:42 – a bateria entra quebrando tudo em meio ao caos. De novo em 04:15. 04:44 – a voz mantem uma nota grave e no desenrolar, joga palavras aparentemente sem o menor sentido entre si, como se tivesse afazia; e vai ficando cada vez mais exaltado. Ao final, a impressão que temos é que alguém passa a “varrer” a bagunça.
10 – Humor Me
Uma guitarra sincopada e uma bela linha de baixo introduzem, o vocal continua insano e a presença do sintetizador não nos deixa esquecer que estamos diante de uma banda incomum; 01:40 – um solo (?!) de guitarra fora de tom mostra que o som é mesmo uma piada (conforme diz a letra).
Análise Musical: Rodrigo Nogueira
Fonte Histórica: Wikipédia
Curiosidades: 1001 discos para ouvir antes de morrer
‘té mais!
6 comentários:
Caraca, meu. Vc viajou bem no som dos caras.
Tentarei ouvir mais um pouco. Abraços.
Tamos ligados.
Caraca, meu. Viajaste bastante com o som dos caras. tentarei ouvir mais.
Abraços,
É verdade... O negócio é alucinante!
Eu gostei!
Obrigado por sua participação! Apareça!
Abç!!
Ah, não conhecia, mas estou já providenciando o download por aqui. Abraço
Muito bom o som dos caras, Rodrigo! Conheço esses dois discos e o New Picnic Time de 79. Ótimas postagens!
Abração
Valeu Marco!
O New Picnic Time ainda não ouvi, é q não cheguei em 79 ainda...
Abç!
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