Neste último capítulo que me propus com essa serie, vamos ver e ouvir os artistas da nossa região do mundo: a América Latina. Apesar de parecer um tema óbvio e de músicas que deveriam fazer parte de nosso dia-a-dia, é provável que nos surpreendamos com a cultura musical de nosso próprio mundo, uma vez que na maioria, somos influenciados e adotamos a cultura e estética de outrem, entenda-se dos EUA e Inglaterra. Repito aqui o que disse na introdução desta serie: nada contra a música que vem desses dois países, mas nosso mundo musical é muito mais amplo, conforme essa pequena serie demonstrou.
Conheçamos então, as músicas da América Latina!
Observação: Para não tornar o artigo grande demais, dividi este capítulo em 3 partes, a saber: Capítulo 8A - Brasil; Capítulo 8B - Cuba; Capítulo 8C - Argentina e Haiti
Observação: Para não tornar o artigo grande demais, dividi este capítulo em 3 partes, a saber: Capítulo 8A - Brasil; Capítulo 8B - Cuba; Capítulo 8C - Argentina e Haiti
Aproveite o artigo com calma, veja e ouça sem pressa, estamos tratando de um gênio aqui.
ARGENTINA
Astor Piazzolla - Muerte del Angel
Faixas:
1 - Verano Porteño
2 - Los Poseidos
3 - Milonga del Angel
4 - Muerte del Angel
5 - Adios Nonino
6 - Otono Porteño
7 - Retrato de Milton
Astor Piazzolla - Concierto de Nácar
Faixas:
1 - Buenos Aires Hora Cero
2 - Vadarito
3 - Fuga y Misterio
4 - Verano Porteño
5 - Concierto de Nácar para nuove tanguistas y orquestra filarmônica
6 - Allegro Marcato
7 - Moderato
8 - Presto
Astor Piazzolla - Libertango
Faixas:
CD1:
1 - Verano Porteño
2 - Lunfardo
3 - Decarissimo
4 - Milonga del Angel
5 - Muerte del Angel
6 - Resurrecion del Angel
7 - Adios Nonino
CD2:
1 - Tristezas de un Doble A
2 - Escualo
3 - Mumuki
4 - Contrabajisimo
5 - Libertango
6 - Chin Chin
Astor Piazzolla - Tres Minutos con la Realidad
Faixas:
1 - Luna
2 - Sexteto
3 - Tres Minutos con la Realidad
4 - Camorra II
5 - Camorra III
6 - Tango Ballet
Para Piazzolla, o tango era uma "música perigosa", pois, em primeiro lugar, com ele o músico mapeou a vida de Buenos Aires entre meia-noite e o fim da madrugada; em segundo lugar, porque suas próprias composições, influenciadas por seus estudos em Paris com Nadia Boulanger, de início ameaçaram de tal forma os músicos tradicionais do tango que um deles chegou a intimidá-lo com um revólver.
Os tangos inovadores de Piazzolla não são tradicionais danças sensuais, ou clássicas canções de destino frustrado, mas buscam uma nova linguagem musical dentro da tradição do tango, abrindo novos horizontes para o gênero. A partir de sua morte prematura em 1992, seus concertos ao vivo, como registrados nestes quatro CDs, tocando com diferentes combinações de músicos, de seu Quinteto em 1973 ao Noneto em orquestra em 1983, viraram peças de colecionadores, exibindo em diversos arranjos seu próprio senso do potencial de cada linha instrumental, com seu meditativo bandonion à frente, um instrumento muito mais importante que sua anterior concertina européia.
Ouvindo cada um deles, podemos comparar diferentes versões, ao longo do tempo, de soberbas composições, como Adios Nonino, uma homenagem a seu pai, a Trilogia do anjo e Verano Porteño, bem como uma ou duas peças raramente executadas e nunca editadas. Tudo lembra que uma das maiores contribuições de Piazzolla à música do século XX é a criação de narrativas musicais de uma dimensão quase cinematográfica, com base em complexas harmonias, o que provoca uma sensação de continuidade muito depois de seu término: não é de estranhar que músicos e coreógrafos se inspirem em seu legado. Seu tango é uma música poderosa, com seu coração escuro captando um sentido de perda, da percepção de que a vida é incapaz de consumar os sonhos e os desejos, em um nível que é sagrado.
Para baixar os discos, clique em suas capas.
AUDIÇÃO COMENTADA:
Libertango - Astor Piazzolla
Este nuevo tango estabelece seu caráter forte desde o primeiro compasso, com o falecido Piazzolla em seu primeiro bandoneon (a grande e sofisticada versão de concerto argentina da concertina européia). Por meio de rápidos detalhes, os instrumentos estabelecem a atmosfera geral, dentro da qual desenvolvem a principal ideia musical: os complexos acordes são óbvios neste vibrante arranjo de uma obra-prima de Piazzolla.
Veja o mestre em ação: Magnífico!
HAITI
Angels in the Mirror - Vodou Music of Haiti
1 - Legba Nan Bayé-a
2 - Port-au-Prince Drumming Demonstration
3 - Dembala Wedo Vodu
4 - Nago Pa Piti
5 - Mennwat Dance
6 - Se Zèklè Yanyan
7 - Kongo-a Krase Renn Nou
8 - O Bazilo ou Pa Wè No Nan Chen
9 - Djab O
10 - Bonswa Kouzen Bonswa Kouzen O
11 - Bawon Mande
12 - M Pap Mache a Tè Anye
13 - O Non Zauilo Yo Tonbe
São duas as principais manifestações da música popular haitiana: o compas e o vodu. O compas é música de dança, executada por big bands e aparentada ao merengue e outros ritmos caribenhos. Já a música vodu é empregada em rituais religiosos - que é exatamente a manifestação artística enfocada neste CD da Ellipsis Arts.
Sendo música ritual, ela não se presta simplesmente à fruição estética, como acontece com a arte ocidental. A adequada compreensão da música vodu depende do entendimento do contexto em que ela é executada. Para tanto, o disco vem com um libreto de acabamento luxuoso, com muitas fotos e textos sobre o Haiti e a cultura vodu.
Vodu é uma palavra africana, originária de Daomé (atual Benin), significando "espírito". Os escravos africanos que foram para o Haiti na época da colonização levaram para lá sua religião. Defrontaram-se, contudo, com a imposição do catolicismo por parte dos colonizadores (inicialmente espanhóis e, a partir de 1697, franceses). Resultado: para poderem continuar com seus ritos, misturaram-nos às imagens católicas. Qualquer semelhança desta espécie de sincretismo com ritos afro-brasileiros como o candomblé não é mera coincidência.
O Haiti foi a primeira nação negra a se declarar independente, em 1804,após a rebelião popular comandada por Toussaint L'Ouverture. Mas sua história não traz só momentos de liberdade: no século XX, o país ficou famoso pelas sangrentas ditaduras de Papa e Baby Doc Duvalier, que perseguiram o idioma popular do país, o "creole" - uma mistura do francês com vários dialetos africanos. Também na época dos Duvalier, a polícia secreta local, os Tontons Macoutes, contratava sacerdotes vodus para amedrontar seus oponentes, criando, para o mundo, a imagem do vodu como mera manifestação da maligna magia negra.
O disco procura dar uma visão abrangente das manifestações musicais do vodu. O grupo Premye Nimewo toca um "menwat" - a versão haitiana do minueto europeu; Rara La Bel Fraincheur de L'Anglade mostra a tradição de canto-e-resposta, tão característica da música africana; e as possibilidades dos tambores haitianos estão demonstradas ao longo de todo o disco.
Para baixar, clique na capa.
FIM DA SERIE.
2 comentários:
Muito bom, Rodrigo. Valeu!
Obrigado Edison!
Até a próxima!
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