1999
Meu primeiro contato com esta fenomenal cantora se deu em meados do ano de 1998. Nesta época, eu e minha esposa éramos proprietários de uma humilde escola de música na ensolarada e bela cidade praiana de Itanhaém. Vivíamos um para o outro, para nossa filhinha recém-nascida e para a música. Só por isso Dulce Pontes, por resgatar as memórias dessa deliciosa época, já tem seu lugar em meu coração.
As Duas Faces de um Crime |
Edward Norton |
Encurtando a história, não consegui nenhuma informação sobre ela até que descobri tratar-se de uma cantora portuguesa e tive que importar este bendito disco dela pagando os olhos-da-cara. Detalhe: não tinha a tal 'Canção do Mar'!
Um pouco indignado, comecei a ouvir o disco e já fui pego logo na primeira música: 'Alma Guerreira', que representa o fogo neste trabalho "elemental" da diva, é de uma beleza ímpar. Fiquei impressionado com o brilho e a delicadeza quase divinos da voz de Dulce. O arranjo todo feito para instrumentos acústicos e orquestrais. O clímax é de arrepiar! Precedido de um suspense gerado pela orquestra, seguido de uma crescente em vibratos da soprano que explodem com todo seu poder! Sua voz vai literalmente às alturas e com um vigor que preenche todo o recinto. Espetacular! Após ouvir umas dez vezes é que passei à faixa seguinte.
Fado-Mãe é uma homenagem delicada ao estilo musical típico português, cantado à moda lusitana, rica em melismas de influência moura; o acompanhamento é feito com instrumentos étnicos e a interpretação é soberba. Uma obra de arte.
Tirioni é uma espécie de "música de trabalho", algo equivalente ao canto dos colhedores de algodão dos EUA ou das lavadoras de roupas dos rios brasileiros. Repare como é inusitada a métrica em comparação com a melodia. O arranjo é entremeado de silêncios, simples e belo.
O Primeiro Canto trás alegria. Canta também as tradições do povo trabalhador do campo. Destaco o trabalho exímio do saxofone soprano que contracanta Dulce. Diversas variações rítmicas enriquecem a peça e a cantora mostra extrema competência. Aqui ela fala por seu povo!
Modinha das Saias é uma curiosa e curta obra à quatro vozes que conta com a participação da cantora Maria João. A aparente simplicidade oculta a complexidade extrema das vozes. É alegre, assim como Pátio dos Amores.
Garça Perdida é um singelo poema emotivo. Mostra como Dulce Pontes pode certamente figurar entre as melhores cantoras do mundo. A faixa consegue se destacar no álbum, mesmo estando entre as outras músicas de evidente teor artístico.
Velha Chica, Suíte da Terra e É Tão Grande o Alentejo são músicas mais difíceis, não no sentido técnico, mas estilístico. Há um grande choque cultural que faz com que a apreciação seja mais complicada para os ouvidos de alguém que não seja português, valem como curiosidade.
O Que For Há de Ser, Ai Solidom e Porto de Máguas trazem uma sofrida melancolia típica do fado e as interpretações são pouco ortodoxas, mas riquíssimas.
O álbum é fechado com a extraordinária Ondeia. A música praticamente não tem letra, são vocalizes e variações da palavra que dá nome a faixa. Dulce é excepcional, o que ela faz nessa música é um assombro! Sem dúvida, uma filha legítima de Apolo ou de Santa Cecília. É impossível passar incólume por essa faixa, a carga emocional é gigantesca.
No encarte do CD vem todas as letras (só assim para entender o que ela fala, rsss).
Fado-Mãe é uma homenagem delicada ao estilo musical típico português, cantado à moda lusitana, rica em melismas de influência moura; o acompanhamento é feito com instrumentos étnicos e a interpretação é soberba. Uma obra de arte.
Tirioni é uma espécie de "música de trabalho", algo equivalente ao canto dos colhedores de algodão dos EUA ou das lavadoras de roupas dos rios brasileiros. Repare como é inusitada a métrica em comparação com a melodia. O arranjo é entremeado de silêncios, simples e belo.
O Primeiro Canto trás alegria. Canta também as tradições do povo trabalhador do campo. Destaco o trabalho exímio do saxofone soprano que contracanta Dulce. Diversas variações rítmicas enriquecem a peça e a cantora mostra extrema competência. Aqui ela fala por seu povo!
Modinha das Saias é uma curiosa e curta obra à quatro vozes que conta com a participação da cantora Maria João. A aparente simplicidade oculta a complexidade extrema das vozes. É alegre, assim como Pátio dos Amores.
Garça Perdida é um singelo poema emotivo. Mostra como Dulce Pontes pode certamente figurar entre as melhores cantoras do mundo. A faixa consegue se destacar no álbum, mesmo estando entre as outras músicas de evidente teor artístico.
Velha Chica, Suíte da Terra e É Tão Grande o Alentejo são músicas mais difíceis, não no sentido técnico, mas estilístico. Há um grande choque cultural que faz com que a apreciação seja mais complicada para os ouvidos de alguém que não seja português, valem como curiosidade.
O Que For Há de Ser, Ai Solidom e Porto de Máguas trazem uma sofrida melancolia típica do fado e as interpretações são pouco ortodoxas, mas riquíssimas.
O álbum é fechado com a extraordinária Ondeia. A música praticamente não tem letra, são vocalizes e variações da palavra que dá nome a faixa. Dulce é excepcional, o que ela faz nessa música é um assombro! Sem dúvida, uma filha legítima de Apolo ou de Santa Cecília. É impossível passar incólume por essa faixa, a carga emocional é gigantesca.
No encarte do CD vem todas as letras (só assim para entender o que ela fala, rsss).
Ouça abaixo esta obra-prima!
3 comentários:
Rodrigo
Gostei bastante do post! Quando falo de Dulce Pontes, sempre uso adjetivos no superlativo!
Para mim, Dulce é a melhor cantora que já ouvi, além disso, compõe, toca e arranja, um grande talento!
Bjs
Flávia
Grande Rodrigo,
Dulce Pontes é uma senhora cantora, a conheci através de uma música muito bonita chamada O Mar E Tu, onde ela canta com Andrea Bocelli, e desde então já baixei várias músicas dela.
Um post muito bom, aliás como todos. Parabéns!
Abraços!
Flávia, bjs querida!
Rodrigão, valeu pelo constante apoio. Obrigado pelos elogios meu amigo!
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