The Book Of Eli (2010)
Direção: Albert e Allen Hughes. Com Denzel Washington, Gary Oldman e Mila Kunis.
Sinopse: Após o apocalipse, andarilho deve proteger um livro e levá-lo para o Oeste onde há um resquício de civilização humana. Durante o trajeto, encontra pessoas que querem se apoderar dele para que possam usar seu poderoso conteúdo para dominar o que restou do mundo.
Aviso: Este artigo contém spoilers!
Começo sem rodeios: gostei. Sem dúvida trata-se de um entretenimento. Tem temática religiosa e, apesar de eu não ser religioso, o amigo leitor há de convir que a religião se faz muito presente em nossos dias e o filme levanta uma reflexão que penso ser muito relevante: quais as consequências que esse tema pode nos trazer?
Apesar de muitos críticos taxarem a história de panfletária e do roteiro abordar o tema apenas superficialmente, eu discordo totalmente! Seria panfletário justamente se o tema fosse aprofundado pois, apesar do filme tomar um partido, ele não o enfia goela abaixo.
No início vemos um cenário desolado, quase não temos cores e nem diálogos. A câmera lenta é muito utilizada, o resultado é artístico - Houve o apocalipse - não se dá muitos detalhes sobre o que exatamente aconteceu e não importa, pois se torna irrelevante pela proposta do filme. É apenas insinuado que o motivo foi alguma espécie de guerra santa (algo muito provável de acontecer atualmente).
Um veterano solitário, que no decorrer da história descobrimos chamar-se Eli (Denzel Washington), vai sobrevivendo como pode para cumprir sua missão de levar um livro de conteúdo poderoso ao seu destino ordenado no Oeste. A peregrinação dele já passa de trinta anos quando o conhecemos, e todos os dias ele lê o tal livro com muita devoção.
A partir daqui, o caro leitor só vai gostar se for uma pessoa de fé; se for cético certamente achará ridículo. Eli, além de ser muito bem preparado para o combate físico, ele é protegido, é abençoado - difícil crer? Sua religião não prega ser isso possível?
No intuito de entreter, vários clichês de filmes sobre o apocalipse, mesclados a vários de Western ocorrem e diminuem a qualidade da produção, mas garantem muita ação para atingir a massa dos telespectadores que apenas se interassa por isso.
Depois de algumas aventuras, Eli chega em um pequeno vilarejo comandado pelo inescrupuloso Carnegie (Gary Oldman), que utiliza de brutamontes sem cérebro para tentar conseguir se apossar do mítico livro e controlar o que sobrou da humanidade - algo que alguns famosos líderes religiosos pleitearam no decorrer da história e que hoje em dia ainda tentam, com muito êxito por sinal.
Imediatamente Carnegie percebe que o forasteiro é especial e tenta trazê-lo para compor seu séquito. Quando descobre que ele está de posse do livro, faz de tudo para apoderar-se dele. Nesse momente surge a personagem Solara, (Mila Kunis) que entra, à princípio apenas para que haja uma "gostosinha" na história - lógico que o diretor usa o expediente de focar seus seios e olhos de modo a alegrar e prender a plateia masculina (clichezasso!) - depois vemos que ela fará um importante papel como missionária.
A fotografia é desoladoramente bela, a direção é de primeira e a atuação de Oldman mais uma vez é destacada. Washington é apenas regular, se bem que, ao final do filme descobrimos que seu personagem tem uma deficiência física, o que deixa sua atuação pouco crível.
No final, evidentemente que o mocinho atinge seu objetivo e, antes que você comece a gargalhar do desfecho, lembre-se da forma com que todos os livros sagrados, pela fé acredita-se que foram escritos.
Divirta-se com o filme, mas também reflita sobre sua mensagem: a religião é poderosa e perigosa, independentemente de ser real ou uma fantasia para iludidos.
Nota: 6 (Recomendado, mas não para os céticos)
14 comentários:
Eu curti muito o filme.
nossa esse filme e uma obra prima, muito bom mesmo, recomendo!!!
Amigo, esse filme é muito bom, tanto para ateus quanto para religiosos. Ele não prega nada, apenas que a biblia pode ser um instrumento de dominação, e todos sabemos disso.
E quanto a atuação do Denzel, ela ta certíssima, não é para ele parecer deficiente mesmo, é só ler a HQ em que o filme foi baseado e vai entender.
A postagem ta muito boa.
Dart, eu não disse que não servia, eu disse que não o recomendo para os céticos, pois provavelmente eles acharão ridículo.
Obrigado pelo elogio e participação!
Concordo quando voce fala que a religião é poderosa e perigosa.
Ela é tudo na minha vida mas não devemos cometer excessos.
O fanatismo beira o extremismo e o extremismo beira o terrorismo.
Não tinha tido interesse nesse filme mas depois de seus comentários acho que vou assistir.
Valeu
Bíblia e um livro mas e muito perigoso, na vida real como todos sabemos e usado para subjugar e ganhar um dinheirão....não e a toa que na historia pelo menos todos os livros são queimados.....ate que ponto seria benéfico isso...não sei.....não sou religioso, beiro o ateísmo, mas não sou ateu , e particularmente não gostei do filme.Nota 3
Rogrido você fez colocações muito boas.
A reflexão e polemica levantadas no filme são excelentes.
O problemas é que muitos que se intitulam criticos, ficam falando que o filme é simplesmente um Mad Max pra religiosos, que não há roteiro. Mas esquecem que, hoje em dia é dificil se produzir um filme que não seja e/ou contenha clichê.
Qualquer roteirista e diretor, vai beber da fonte de outras obras quando está produzindo um filme.
Não sou cético, mas eu não gostei tanto assim de algumas coisas, mesmo que na composição geral não seja tão ruim. Ex.: Ele tem a bíblia decorada na cabeça, é protegido contra a morte, é quase sobrehumano, mas não pode parar pra ajudar uma mulher que está prestes a ser estuprada na frente dele? Pra mim o filme falhou bastante nessa parte.
Tem outras coisas, mas essa pra mim foi a pior
Anderson - Assista o filme levando em conta que, acima de tudo, trata-se de um entretenimento. Acho super sensatas suas observações, a maior dificuldade é perceber quando se cruza as linhas que vc colocou. Abração!
Anônimo - a Bíblia é utilizada da forma como mencionou, mas vale lembrar que ela também é utilizada para reconfortar, orientar, alegrar, etc. O interessante do filme é que ele deixa bem clara essa dicotomia, o que me faz chegar a conclusão que o problema não está nos livros (ou no objeto que for), mas sim no uso que as pessoas dão para eles, portanto não concordo com a destruição deles e nem de discos ou estátuas ou outras coisas. Acho que as coisas estão por aí e cabe a cada um de nós usá-las (ou não) da forma como acharmos convenientes, ou seja, a decisão cabe a cada um de nós e não a algum tipo de autoridade ou de autoritarismo. Obrigado por participar!
Kbeção - Concordo que hoje em dia é difícil evitar os clichês, mas entendo (e critico) quando eles são usados deliberadamente para se aproveitar de uma fórmula que deu certo e assim facilitar o sucesso (com o público) e possibilitar dessa forma o grande ganho financeiro em detrimento da arte. Valeu!
Espero que retornem para trocarmos mais ideias, seja nesse post ou em outro aqui do blog, será um prazer.
Ícaro, claro que respeito seu ponto de vista, mas, como escrevi no artigo, a maioria dos livros sagrados foram escritos, segundo seus fiéis, através de inspiração divina, portanto, diante deste contexto, não acho nenhum absurdo Eli ditar a Bíblia. Não acho que ele o fez por ter decorado. Quanto a ser protegido contra a morte, será que ele tinha consciência disso naquele momento em que a mulher estava sendo atacada? Lembre-se que no momento em que realmente sua vida foi colocada em jogo ele só sobreviveu pela fé e não por ter superpoderes.
A Bíblia é muito clara qdo diz que a fé pode mover montanhas ou ressuscitar os mortos.
Abração!
Eu assisti o filme sem conhecer, e acabei adorando!
Gostei muito do seu ponto de vista em relação ao filme. Concordo plenamente!
Parabéns e é um filme que recomendo!
Olá!
Eu assisti o filme sem saber que era original de algum livro.
Achei a história bem meia boca, não explica muita coisa e só no final que se deduz q o cara era cego. Porra, se o cara era cego, pq o óculos escuro, a luz a noite, etc... Tudo bem, ele era guiado pela Fé, bla bla bla... mas e a hora q ele tranca a mina no poço de água, como ele sabe onde tá o trinco da porta?
Achei muito fraco essa parte.
Sem contar que ficamos totalmente perdido em relação ao que aconteceu com o mundo né! Seria muito mais empolgante se os produtores tivessem perdido 10 minutos para explicar.
Agora, a fotografia, as sequencias: show de bola!
Ah, uma outra coisa q iria me esquecendo.... o cara estava andando a 30 anos... da onde ele estava vindo, da china??? kkkkk... pq mesmo se ele estive em uma ponta dos USA ele chegaria beeeemmmm antes do outro lado.... rs
Mariana, que bom que gostou do artigo. Espero que volte mais vezes! Obrigado.
Daniel - o filme foi baseado em uma história em quadrinhos. Talvez lá haja maiores detalhes, não sei... Vc tem razão, também vi vários furos (e aquela parte, no final do filme que eles terminam o caminho de carro e gasolina dura até o destino?), sem dúvida que o roteiro é a parte fraca do filme, porém não acho que ficamos perdidos sobre o que aconteceu no mundo, houve uma guerra religiosa regada à bombas atômicas. Mais detalhes até poderiam ser interessantes, mas não fariam diferença para a intenção do filme. Já sobre os 30 anos, não acho tão impossível assim, não sabemos o que se passou com ele durante esse período, sem contar que, se formos fazer um paralelo com a Bíblia, facilmente lembraremos que Moisés passou 40 anos só na península de Sinai que é menor que o estado de SP!
Preciso deixar claro que não achei o filme uma obra de arte imperdível, tanto é que dei nota 6. Só achei interessante frizar a temática atual que ele apresenta.
Agradeço muito sua participação, gosto muito de um bom debate, espero que apareça mais vezes!
Abração!
Esse filme é muito ruim ....
Nem os Jedi são tão foda ...
Porra...
Super força.
Arma vorpal.
Senso exato de direção.
Cego.
Conhecimento em todas as armas.
Esse cara é da marvel ou da DC.
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