The Fantastic Mr. Fox (2009)
Direção: Wes Anderson. Com George Clooney, Meryl Streep, Jason Schwartzman, Bill Murray, Michael Gambon, Willen Defoe eOwen Wilson (vozes).
Sinopse: Senhor Raposo sente falta dos tempos "selvagens" da juventude e busca uma última aventura para quebrar a rotina de "raposa de família" em que se encontra. Só que suas atitudes colocarão em risco toda a existência da comunidade animal da qual faz parte.
Indicações ao Oscar: Melhor animação e melhor trilha sonora original.
Atenção: este artigo e os comentários podem conter spoilers!
Filmado com a antiga técnica de animação stop-motion e visual retrô. Essa animação é uma excelente pedida para curtir em família.
O sr. Raposo (George Clooney) e sua esposa Felicity (Meryl Streep), além de namorados, eram companheiros nos assaltos aos galinheiros alheios nos velhos tempos. Quando um dia a coisa dá muito errado, e sr. Raposo descobre que será pai, ele promete a Felicity que nunca mais entraria em arriscadas aventuras e se tornaria um respeitável pai de família. Só que seus instintos falam mais alto e ele não resiste à tentação de invadir as três fazendas vizinhas de sua residência, que tem os proprietários humanos mais cruéis da cidade. Ele é bem sucedido na empreitada, mas a retaliação dos fazendeiros é feroz e coloca em risco a sobrevivência, não só da família Raposo, mas de toda a comunidade de animais que a cerca. Paralelo a isso tudo, tem que lidar com as crises existenciais de seu filho.
Acho que a humanização de animais para se contar uma história, pode servir para ensinar conceitos importantes para a criançada, porém, para os adultos torna-se uma coisa enfadonha. O Fantástico Sr. Raposo quebra um pouco essa questão por trazer problemáticas dos mundos adolescente e adulto, de modo a provocar a reflexão sobre situações do dia-a-dia e colocar em xeque os relacionamentos sociais que seguem o "padrão de bom comportamento".
Os animais (incluídos os humanos) são guiados primariamente por instintos, no caso das raposas, o instinto caçador. Privar o indivíduo desses instintos para facilitar o convívio em sociedade ou pelo motivo que for, muitas vezes traz por consequências a insatisfação, a infelicidade e a busca "pelo que falta", que geralmente é substituído por alguma religião (crença), vício ou algum tipo de obsessão. No caso do sr. Raposo, ele simplesmente e inconsequentemente dá vazão a esses instintos que acabam entrando em conflito com o status quo, levando a ele e toda a sociedade ao seu redor à beira do colapso. Normalmente quando um ser humano toma atitude semelhante, acaba preso por ir contra as leis - o que nos trás o dilema: ser natural e um pária ou ser racional, possibilitando o convívio social e uma provável infelicidade como ônus?
Pelo lado adolescente, aquelas crises existenciais, as comparações com os pais e outros adolescentes próximos, a carência de atenção e reconhecimento dos adultos, etc. O filho do casal Raposo, Ash, demonstra todos esses clichês. Muitos jovens que assistirem esse filme certamente se identificarão com o personagem, que no final acaba mostrando seu valor (outro clichê). Porém, muitas vezes na vida real, não acontece esse tipo de desfecho, transformando jovens problemáticos em adultos problemáticos que infestam as clínicas psiquiátricas e tomam toda sorte de remédios psicotrópicos para "entrarem nos eixos".
Filosofias e psicanálises à parte, o filme entretém, ensina e enche os olhos com a quantidade de cores e objetos de cena presentes. George Clooney está perfeito como um senhor Raposo cheio de si, que não ouve ninguém e acaba enfiando os pés pelas mãos, mas sempre conta com a sorte para sair das enrascadas. Destaco também os ótimos personagens do companheiro de aventuras Kyle (Wallace Wolodarski), que de vez em quando "surta" e fica catatônico, e o guarda-costas da adega de cidra, Rato (Willem Defoe).
Quanto à indicação ao Oscar 2010 de melhor filme de animação, apesar de ser um bom trabalho, sem dúvida é inferior à Up (que ganhou), mas também à Coraline. Digamos que a concorrência foi boa e recomendo todos os três. Já a trilha sonora está mais para divertida do que para boa, e concordo com a Academia que também deu esse prêmio para a sensível e bem construída trilha de Up.
Acho que a humanização de animais para se contar uma história, pode servir para ensinar conceitos importantes para a criançada, porém, para os adultos torna-se uma coisa enfadonha. O Fantástico Sr. Raposo quebra um pouco essa questão por trazer problemáticas dos mundos adolescente e adulto, de modo a provocar a reflexão sobre situações do dia-a-dia e colocar em xeque os relacionamentos sociais que seguem o "padrão de bom comportamento".
A turma pronta para enfrentar os humanos malvados |
Pelo lado adolescente, aquelas crises existenciais, as comparações com os pais e outros adolescentes próximos, a carência de atenção e reconhecimento dos adultos, etc. O filho do casal Raposo, Ash, demonstra todos esses clichês. Muitos jovens que assistirem esse filme certamente se identificarão com o personagem, que no final acaba mostrando seu valor (outro clichê). Porém, muitas vezes na vida real, não acontece esse tipo de desfecho, transformando jovens problemáticos em adultos problemáticos que infestam as clínicas psiquiátricas e tomam toda sorte de remédios psicotrópicos para "entrarem nos eixos".
Kyle catatônico |
Quanto à indicação ao Oscar 2010 de melhor filme de animação, apesar de ser um bom trabalho, sem dúvida é inferior à Up (que ganhou), mas também à Coraline. Digamos que a concorrência foi boa e recomendo todos os três. Já a trilha sonora está mais para divertida do que para boa, e concordo com a Academia que também deu esse prêmio para a sensível e bem construída trilha de Up.
- Leitura relacionada: Up - Altas Aventuras (2009)
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