SÁBADOS DE JAZZ APRESENTA:
LOUIS ARMSTRONG
Nascimento: 4 de agosto de 1901
Morte: 6 de julho de 1971
Assim como o jazz, Satchmo (como era apelidado), nasceu em New Orleans, Estados Unidos. Sua história é comovente e sua luta foi grande.
Não é o objetivo deste post tratar dela, mas sim, relacionar a importância do trabalho dele para a música. Caso queira conhecer sobre sua vida, acesse esse link.
Antes dele já havia o jazz e Louis se encantou com isso. A música era alegre e convidava os ouvintes a cair na pista de dança e se divertir. Os músicos eram muito habilidosos, mas ninguém era melhor para ele do que King Oliver e sua Creole Jazz Band.
King Oliver sempre foi muito solícito com Louis, e lhe ensinou diversos truques.
Quando ele recebeu um convite de seu mestre para ir para Chicago tocar na sua banda, foi sem demora e ali começou a despertar seu gênio e sua essencial influência.
A potência com que Louis Armstrong tocava sua corneta assustava os outros integrantes da banda e sua percepção musical assombrava seu mestre King Oliver, que tocava o trompete e logo percebeu o enorme potencial que estava ali diante dele. Incentivou o jovem a criar fraseados em seu instrumento e começaram a trabalhar temas em conjunto criando verdadeiros duelos musicais. A música tornou-se mais complexa e a essência dos músicos começou a aflorar em momentos de êxtase e aquilo que era apenas entretenimento, passou exigir maior atenção e sensibilidade dos ouvintes. Armstrong transformara o jazz em ARTE.
Muitos músicos ouviram falar daquela revolução e dirigiram-se para Chicago para aprender aquela nova forma de tocar e a cidade tornou-se o centro do jazz e diversos solistas habilidosos surgiram desde então.
Tempos depois, Louis se tornou grande demais e passou a percorrer o país acompanhado dos fantásticos Hot Five e depois, Hot Seven. Apesar de ser um artista, seu carisma e presença de palco o tornaram popular provando que a arte também pode ser popular.
Graças a suas inovações, logo surgiu o swing e depois o rock (que também sofreu grande influência do blues, é claro).
Seu canto totalmente diferente, também atraiu adeptos e sua voz rouca (em decorrência de calos nas pregas vocais), gerou vários imitadores e a maneira de cantar do norte-americano mudou completamente.
Reza a lenda, que um dia estava no estúdio de gravação e, no meio de uma canção, a letra caiu da estante e o deixou em maus lençóis. Como a hora de estúdio era caríssima e Louis apesar de famoso não era rico, começou a improvisar o canto seguindo a melodia só que com onomatopéias ao invés da letra e ficou tão bom, que deixaram assim mesmo, então surgiu o scat singing, onde o cantor improvisa melodias como se estivesse tocando um instrumento de sopro e como Louis tinha uma musicalidade incrível, aperfeiçoou a técnica e criou diversos solos inspirados com sua voz.
Muitas de suas gravações são consideradas marcos históricos insuperáveis e patrimônios da humanidade.
AUDIÇÕES E ANÁLISES
Just One Of Those Things
00:00 – Aqui Louis Armstrong é acompanhado por um trio de bateria, baixo e piano. O piano abre com um fraseado, logo entra o canto característico junto com o baixo e a bateria ritmada da caixa tocada com escovinha; 01:19 – entra a variação da melodia executada pelo trompete de armstrong e o piano enriquece o ritmo; 02:33 – o piano ameaça iniciar o solo mas o canto logo se sobrepõe, reparem a interpretação em ritmo mais lento criando um contraste interessante com o trio; 03:51 – o final da frase do canto indica o início da cadência e o fim da música.
I Got A Right To Sing A Blues
Nesta faixa, temos a presença de uma orquestra inteira acompanhando. 00:00 – os sopros entram com tudo e logo depois as cordas e breque; 00:09 – entra sozinho o magistral trompete de Satchmo dizendo suas primeiras palavras, baixo e bateria indicam o andamento blues, os saxes abrem os contracantos e as cordas compõem a harmonia ao fundo; 00:50 – o trompete começa a subir com notas únicas e sequenciais e o acompanhamento se agita num foxtrot; 01:01 – os sopros assumem a melodia e o arranjo fica grandioso, Louis vai para os contracantos; 01:25 – o trompete solo reassume a melodia principal e improvisa variações até que a orquestra prepara a entrada da voz em 01:52, e desaparece, restando apenas o trio baixo, piano e bateria; 02:20 – os sopros retornam de mansinho, seguidos das cordas, a voz conduz a todos até um quase clímax e… traz de volta para o blues, o piano fica incrível neste momento; 03:11 – a orquestra instiga para voltar a elevar a força da música, mas a voz não muda o rumo; 03:33 – a cadência é toda feita em scat singing e a orquestra só dá os acordes e o fechamento.
When The Saints Go Marchin’ In
Um clássico da música gospel interpretado de forma descontraída, em ritmo jazzístico e ao vivo mostrando todo o poder de improviso não só de Louis mas da banda. 00:00 – o inconfundível trompete de Louis dá o tema. Um incrível clarinete faz os contracantos e logo é seguido por um trombone fazendo uma terceira voz, a banda logo se anima e a bateria coloca mais lenha na fogueira; 00:25 – tudo é amenizado para destacar o canto e os integrantes da banda bricam de fazer backing vocals; 00:47 – inadvertidamente, Louis muda o tom da música, começa a improvisar e a banda que se vire! 01:07 – o clarinete se torna a estrela e começa a explorar os extremos do instrumento; 01:29 – o canto continua descontraído e lá em cima; 01:49 – Louis manda o trombone trabalhar e ele abre com notas altas, acompanhado apenas do trio; 02:13 – começa a apresentação da banda, aproveite o desfile das feras; 04:40 – o trompete mágico de Louis retorna com o tema e a turma desanda a improvisar, momento mágico!
Perdido Street Blues
Um bom exemplo de como o visionário Armstrong deu novo sentido ao jazz tradicional de New Orleans, abrindo espaço para os solos individuais.
00:00 – o clarinete abre o tema, Louis Armstrong e seu trompete se destacam compondo o arranjo; 00:15 – o trompete sola e o trombone dobra uma oitava a baixo, o clarinete passa ao contracanto e logo depois o trombone também; 00:43 – o clarinete reassume; 01:02 – agora o solista é o piano; 01:21 – agora é o banjo, é um desfile! 01:40 – solo de trombone, clarinete no contracanto; 01:59 – destaque para o trompete, mas o trombone e o clarinete são mantidos; 02:55 – o clarinete faz a cadência e a banda finaliza. Um ótimo exemplo de jazz de New Orleans pós-Armstrong.
Texto e análises: Rodrigo Nogueira
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2 comentários:
Rodrigo,
Puxa quando comentou do layout do meu blog, vim olhar o teu. Tá lindo, parabéns.
Louis Armstrong é demais, não canso de ouvir.
Bom fim de semana.
Obrigado!
Pode contar comigo como presença constante no seu blog!
Abç!
Bom fim de semana!
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