Neste último capítulo que me propus com essa serie, vamos ver e ouvir os artistas da nossa região do mundo: a América Latina. Apesar de parecer um tema óbvio e de músicas que deveriam fazer parte de nosso dia-a-dia, é provável que nos surpreendamos com a cultura musical de nosso próprio mundo, uma vez que na maioria, somos influenciados e adotamos a cultura e estética de outrem, entenda-se dos EUA e Inglaterra. Repito aqui o que disse na introdução desta serie: nada contra a música que vem desses dois países, mas nosso mundo musical é muito mais amplo, conforme essa pequena serie demonstrou.
Conheçamos então, as músicas da América Latina!
Observação: Para não tornar o artigo grande demais, dividi este capítulo em 3 partes, a saber: Capítulo 8A - Brasil; Capítulo 8B - Cuba; Capítulo 8C - Argentina e Haiti
Observação: Para não tornar o artigo grande demais, dividi este capítulo em 3 partes, a saber: Capítulo 8A - Brasil; Capítulo 8B - Cuba; Capítulo 8C - Argentina e Haiti
BRASIL
The Library of Congress Endangered Music Project - The Discoteca Collection - Missão de Pesquisas Folclóricas
FAIXAS
1 - Eua Mamnjo Eua - Xangô
2 - E Codo E Codo E Codo - Tambor de Mina
3 - E de Mariole e de Mariola - Tambor de Mina
4 - Eu Vere Garape Vodum - Tambor de Mina
5 - O Mina Tere Tere - Tambor de Mina
6 - Ai Inhanhan - Tambor de Mina
7 - A Docu Semenome - Babacue
8 - Marajo já teve fama - Pajelança
9 - Esse Catu Catu - Pajelança
10 - Chamada do Vapo Ia - Praia
11 - Pancarus - Praia
12 - Mandar mi Chamá - Coco
13 - Ingate do Vapo Ia - Coco
14 - Tamanquero eu quero um pa - Coco
15 - Adeus, adeus amo - Coco
16 - O meu loro não fala - Coco
17 - E boi - Coci
18 - Choa no Mara, choa - Coco
19 - Qua, qua, qua - Coco
20 - Samba - Samba e Carimbu
21 - Marinhero - Samba e Carimbu
22 - Oh lua nova, oh lua cheia - Bumba-meu-boi
23 - Manué eu só vim faz teu gosto - Bumba-meu-boi
The Library of Congress Endangered Music Project - The Discoteca Collection - Corrêa de Azevedo: Music of Ceará and Minas Gerais
FAIXAS
1 - O laia, quero pagar o dinheiro - Manuel Lucio da Costa
2 - A Mangueira - João Lourenço
3 - Ajoeia Chiquinha, ajoeia Lolo - João Lourenço
4 - A paia da cana avoa - João Lourenço
5 - Rojão - Rouxinol e Chico Pequeno
6 - Songs of the congos - Luiz Pereira da Silva
7 - Songs of the congos - Luiz Pereira da Silva
8 - Songs of the congos - Luiz Pereira da Silva
9 - Bale-o o Mofunga - Raimundo Alves Feitosa
10 - O bem-bem alaquixa - Raimundo Alves Feitosa
11 - Macumbeiro - Raimundo Alves Feitosa
12 - Xangô, Xangô - Raimundo Alves Feitosa
13 - Maracutu Songs - Grupo Ás de Ouro
14 - Maracutu Songs - Grupo Ás de Ouro
15 - Maracutu Songs - Grupo Ás de Ouro
16 - O laço da fita - José Querino da Silva
17 - Coco baiano - Hermano Caetano
18 - Fala negro do chapéu morrudo - Antônio Félix Veloso
19 - Pancada e um - Manoel dos Santos e José Camilo
20 - Figueiredo - Hermano Caetano
21 - Vendi minha tropa - Gabriel Pereira da Silva
22 - Diamantina - Família Almeida
23 - Catope - José Paulino de Assunção
24 - Música para cortejo, corpo levado na rede - José Paulino de Assunção
25 - Ao secar a água - Joaquim Caetano de Almeida
26 - Pra baixo - Joaquim Caetano de Almeida
27 - Canto dos cortadores de pedras - Geraldo Amaro
Quando estas incríveis gravações de campo foram feitas na década de 1940, era impossível imaginar que esta música dos "outros" fosse decididamente incorporada à corrente principal da música popular brasileira: do bloco Olodum, com quem Paul Simon gravou Rhythm of the saints, a Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Naná Vasconcelos, etc., a raíz de boa parte da música do continente, emergindo das diversas culturas dos africanos trazidos como escravos. Embora específica destes locais do Brasil, esta música exibe elementos encontrados em uma área muito mais ampla, particularmente no Caribe e no sul da América do Norte.
Muitas canções são cantos rítmicos, apoiados por chocalhos e tambores. Na Discoteca Collection encontramos um antigo samba executado em viola caipira (faixa 20), uma peça para berimbau (faixa 21) e sons premonitórios em Boibumbá, Manué eu sé vim fazê teu gosto (faixa 23). A música do Ceará compreende congos de Fortaleza (faixas 6-8), remanescentes daqueles hoje encontrados em Trinidad e Cuba. A música de Minas Gerais inclui uma valsa de época com a Família Almeida (faixa 22) e canções ritualísticas, uma para ser cantada "Ao amanhecer", outra para se carregar um morto na rede e uma cantada por cortadores de pedra.
Este não é um disco de fácil audição, e muitos ouvintes vão achar a música estranha demais (mesmo nós brasileiros!), não apenas devido aos sons, mas por suas qualidades ritualísticas. Esta é uma experiência estética e espiritual para os participantes, um modo de sobreviver e dar sentido à vida diária, constituindo-se, basicamente, em uma experiência coletiva. Para os ousados que desejam ser iniciados, é um caminho para os sons modernos.
Música do Maranhão
Música da Paraíba
AS PESQUISAS DE MÁRIO DE ANDRADE
O material dos disco citados acima é parte de uma extensa pesquisa musical realizada pelo mestre Mário de Andrade, uma grande personalidade brasileira (se você é brasileiro e sabe pouco ou quase nada sobre ele, primeiro envegonhe-se e depois clique AQUI para se informar!).
A prefeitura de SP e o Sesc mantêm um site muito legal que disponibiliza informações sobre esta pesquisa (com fotos!) e o melhor, todo o áudio que foi compilado em 6 CDs, ou seja, dá para ouvir tudo!
Confira no texto abaixo a apresentação do projeto:
Em 1938, quando o Departamento de Cultura financiou a Missão de Pesquisas Folclóricas, Mário de Andrade deparava-se com o dilema da modernidade: ao mesmo tempo que as manifestações populares corriam o risco de desaparecer com a crescente urbanização do país, o avanço tecnológico da época proporcionava meios de capturá-las em discos, fotografias e filmes.
Nesse jogo ambíguo, entre a ameaça de destruição do fato e a construção de referências, o projeto adquiria um caráter urgente. O interesse pela cultura nacional levou Mário a viajar ao Norte e Nordeste do país na década de 1920. Anotada no livro póstumo Turista Aprendiz, a aventura existencial e intelectual marcou sua trajetória como pesquisador de campo e o convenceu da necessidade de deslocar-se ao Brasil profundo, a lugares onde nossas tradições culturais ainda não teriam sucumbido ao peso da industrialização. Repetindo, em linhas gerais, o trajeto empreendido pelo escritor nessas viagens etnográficas, a Missão foi, sob muitos aspectos, a institucionalização de uma experiência pessoal. Formada por Luís Saia, Martin Braunwieser, Benedicto Pacheco e Antônio Ladeira, a caravana deixou São Paulo em fevereiro de 1938 rumo ao Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Maranhão e Pará.
Um revés político, ocasionado pelo Estado Novo e a chegada de Prestes Maia ao poder municipal, encurtou a permanência de Mário no Departamento de Cultura. Ainda assim, a Missão conseguiu concretizar sua primeira etapa: a partir dos cadernos de campo, imagens, músicas e dos inúmeros objetos recolhidos revelava-se um fragmentário, porém significativo, panorama do folclore nacional.
A organização e difusão do material não lograram o mesmo sucesso. Os esforços, nesse sentido, estiveram restritos, durante anos, ao trabalho solitário de Oneyda Alvarenga, primeira diretora da Discoteca Pública, que sem o respaldo da Prefeitura empenhou sua vida para que o acervo fosse preservado.
O lançamento desta caixa de discos não pretende retomar o projeto de Mário de Andrade, datado dos anos 1920 e 1930, época em que São Paulo ainda se preocupava em lançar um olhar sobre a questão nacional, debruçando-se para além de suas fronteiras políticas e culturais. Ao trazer a público uma seleção dos registros fonográficos da Missão de Pesquisas Folclóricas, o objetivo da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com o SESC-SP, é reiterar a profunda dimensão desse acervo, parte fundamental da cultura material do povo brasileiro.
Carlos Augusto Calil
Secretário Municipal de Cultura
Nesse jogo ambíguo, entre a ameaça de destruição do fato e a construção de referências, o projeto adquiria um caráter urgente. O interesse pela cultura nacional levou Mário a viajar ao Norte e Nordeste do país na década de 1920. Anotada no livro póstumo Turista Aprendiz, a aventura existencial e intelectual marcou sua trajetória como pesquisador de campo e o convenceu da necessidade de deslocar-se ao Brasil profundo, a lugares onde nossas tradições culturais ainda não teriam sucumbido ao peso da industrialização. Repetindo, em linhas gerais, o trajeto empreendido pelo escritor nessas viagens etnográficas, a Missão foi, sob muitos aspectos, a institucionalização de uma experiência pessoal. Formada por Luís Saia, Martin Braunwieser, Benedicto Pacheco e Antônio Ladeira, a caravana deixou São Paulo em fevereiro de 1938 rumo ao Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Maranhão e Pará.
Um revés político, ocasionado pelo Estado Novo e a chegada de Prestes Maia ao poder municipal, encurtou a permanência de Mário no Departamento de Cultura. Ainda assim, a Missão conseguiu concretizar sua primeira etapa: a partir dos cadernos de campo, imagens, músicas e dos inúmeros objetos recolhidos revelava-se um fragmentário, porém significativo, panorama do folclore nacional.
A organização e difusão do material não lograram o mesmo sucesso. Os esforços, nesse sentido, estiveram restritos, durante anos, ao trabalho solitário de Oneyda Alvarenga, primeira diretora da Discoteca Pública, que sem o respaldo da Prefeitura empenhou sua vida para que o acervo fosse preservado.
O lançamento desta caixa de discos não pretende retomar o projeto de Mário de Andrade, datado dos anos 1920 e 1930, época em que São Paulo ainda se preocupava em lançar um olhar sobre a questão nacional, debruçando-se para além de suas fronteiras políticas e culturais. Ao trazer a público uma seleção dos registros fonográficos da Missão de Pesquisas Folclóricas, o objetivo da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com o SESC-SP, é reiterar a profunda dimensão desse acervo, parte fundamental da cultura material do povo brasileiro.
Carlos Augusto Calil
Secretário Municipal de Cultura
Recomendo uma longa visita! Para acessar o site agora mesmo, clique na imagem abaixo:
ATÉ A SEMANA QUE VEM!
2 comentários:
Muito bom. Obrigado por compartilhar esse conhecimento.
Fala grande Rodrigão, a rotina TRABALHO/MONOGRAFIA FACUL, tá me nocauteando, mas estou preparando uma volta legal, será o RATTLEHEAD Phase II, já estou com vários posts no forno... em breve estarei na ativa novamente, um forte abraço!
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