Claudio Monteverdi |
- 3 - Orfeo (1607) - Monteverdi
Orfeo é uma ópera em cinco atos, composta para a Accademia degli Invaghiti de Mântua e apresentada pela primeira vez em 1607. Pouco se sabe sobre sua primeira execução, exceto que a assistência foi bastante pequena e íntima. Os antecessores da obra são o balé e os intermezzi da Renascença, que eram montados para os reis e nobres como elaborado entretenimento. Desta tradição, Monteverdi pode extrair uma grande orquestra, inclusive trombones para representar as cenas dos infernos. Orfeo é , do ponto de vista sonoro, a mais excitante de todas as óperas do século XVII, nunca tendo sido suplantada.
De muitas formas, a ópera não parecia ser o campo ideal para revoluções, em vista de sua dependência com relação ao estilo madrigalesco, que era importante legado do século precedente. Na verdade, se Monteverdi estivesse disposto a romper com as convenções, teria eliminado os balés, as pastorais e os coros madrigalescos em favor do estilo monódico (uma voz com acompanhamento discreto, como um recitativo) da Eurídice de Peri, que precedeu o Orfeo. (O madrigal, enquanto gênero, logo entraria em declínio, e a paixão de Monteverdi por ele foi quase reacionária, apesar de suas incríveis inovações.)
Orfeo não tenta chamar nossa atenção para os personagens, como fariam obras posteriores nas quais o foco é a resposta do indivíduo às circunstâncias propícias ou adversas. Contudo, ao escolher um tema clássico, Monteverdi estava respondendo ao que era popular em sua época e estabelecendo a agenda para as numerosas óperas que se seguiram. Também há momentos de profundo caráter emotivo, principalmente quando a mensageira anuncia a morte de Eurídice, contada no novo estilo monódico com linhas vocais altamente expressivas e esparso acompanhamento (confira na audição comentada abaixo). Monteverdi foi uma figura básica na evolução desse estilo.
O fato de Monteverdi ter preferido imitar Peri é altamente significativo, pois as melhores revoluções musicais as vezes baseiam-se tanto na inovação conservadora quanto no no descarte do passado. Como Monteverdi criou uma ópera diversificada e cuidadosamente estruturada, de uma riqueza e de uma variedade musicais até então desconhecidas, o Orfeo sobreviveu, enquanto a obra de Peri, mais antiga, ficou reservada, em grande parte, ao interesse da musicologia. Orfeo é a primeira "ópera viável", como afirmou Denis Arnold (N.R. musicólogo inglês, professor de música e escritor), a primeira obra-prima de um gênero que floresceu desde então.
Influenciados: Toda a ópera desde então
Gravação recomendada: Nikolaus Harnoncourt e o Concertus Musicus Wien (Teldec)
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Orfeo e Eurídice - pintura de Rúbens (Renascimento) |
Orfeo não tenta chamar nossa atenção para os personagens, como fariam obras posteriores nas quais o foco é a resposta do indivíduo às circunstâncias propícias ou adversas. Contudo, ao escolher um tema clássico, Monteverdi estava respondendo ao que era popular em sua época e estabelecendo a agenda para as numerosas óperas que se seguiram. Também há momentos de profundo caráter emotivo, principalmente quando a mensageira anuncia a morte de Eurídice, contada no novo estilo monódico com linhas vocais altamente expressivas e esparso acompanhamento (confira na audição comentada abaixo). Monteverdi foi uma figura básica na evolução desse estilo.
O fato de Monteverdi ter preferido imitar Peri é altamente significativo, pois as melhores revoluções musicais as vezes baseiam-se tanto na inovação conservadora quanto no no descarte do passado. Como Monteverdi criou uma ópera diversificada e cuidadosamente estruturada, de uma riqueza e de uma variedade musicais até então desconhecidas, o Orfeo sobreviveu, enquanto a obra de Peri, mais antiga, ficou reservada, em grande parte, ao interesse da musicologia. Orfeo é a primeira "ópera viável", como afirmou Denis Arnold (N.R. musicólogo inglês, professor de música e escritor), a primeira obra-prima de um gênero que floresceu desde então.
Influenciados: Toda a ópera desde então
Gravação recomendada: Nikolaus Harnoncourt e o Concertus Musicus Wien (Teldec)
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Texto extraído da revista Classic CD Nº 20
Orfeo - Início - Confira esta espetacular interpretação com direito a instrumentos e figurino da época!!
AUDIÇÃO COMENTADA
Trecho: Ato 2, "Tu se' morta"... "Sinfonia"
Orfeo cometeu seu erro fatal ao olhar para Eurídice enquanto saíam das regiões infernais, e ela aparentemente morre. Ele expressa sua dor numa das monodias mais comoventes e graciosas da música italiana do século XVII. "Tu estás morta, minha vida..." 01:02 Enquanto Orfeo canta sua inócua vitória sobre o "Rei das Sombras", a música torna-se intensamente cromática - Tristão parece morar ao lado. 02:03 Um coro de ninfas e pastores reflete sobre a inflexibilidade do destino. 03:12 A Mensageira canta a agonia de ser a portadora da terrível notícia. 04:30 Uma breve Sinfonia instrumental acrescenta mais tristeza à lúgubre cena.
2 comentários:
Nossa gostei demais do seu blog. Vou linka-lo nos meus dois blogs, um de resenhas musicais e o outro de poesias sobre mitologia.
http://progresenhas.blogspot.com
http://olamentodeorfeu.blogspot.com
Parabéns!
Valeu Romeu!
Já dei uma conferida no seu blog de progressivo e gostei bastante! Já o linkei por aqui também, seja bem vindo parceiro!
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