Ludwig Van Beethoven |
- 4 - Sinfonia Nº 9 "Coral"Opus 125 (1824) - Beethoven
Grandes sinfonias haviam sido escritas antes da Nona de Beethoven, e outras deveriam surgir depois dela, mas nenhuma outra é maior que esta obra de uma iconoclastia devastadora, que rompeu com praticamente todas as convenções da época e cuja inflamada noção de que as obras musicais mais elevadas podem e devem enobrecer a humanidade nunca foi suplantada.
As próprias dimensões físicas da Nona sinfonia foram revolucionárias. Ela apresentava o dobro da duração de qualquer sinfonia anterior, e ampliava dramaticamente o tipo de tela sobre a qual os compositores clássicos anteriores haviam delineado suas obras. Schubert, Bruckner e Mahler foram todos se inspirar na radical definição bethoveniana do espaço e do tempo sinfônicos., bem como do tipo e da qualidade do material musical que uma sinfonia deve conter. A introdução de coro e solistas no final do quarto movimento foi outro lance de gênio. Ouvir a voz humana como executante principal em uma argumentação rigorosamente sinfônica foi um momento de revelação tipo "estrada de Damasco" para o jovem Wagner, o que afetou em muito suas teorias sobre o drama musical (em oposição à "ópera" convencional), levando a obras-primas posteriores como Die Meistersinger e O Anel. Mahler ficou similarmente encantado: é impossível imaginar sua arrebatada Sinfonia Ressurreição sem o exemplo pioneiro da Nona. Contudo, o mais importante é que a Nona foi a primeira sinfonia a lidar, direta e resolutamente, com os problemas existenciais básicos que subjazem à vida humana. A turbulência emocional e metafísica do Allegro inicial, o agitado Scherzo, o Adagio de uma beleza dolorosa, a busca cada vez mais desesperada de uma resolução que provoca o final, tudo isso leva à elaborada e imensa exaltação da transposição vocal que Beethoven fez da famosa Ode à Alegria de Schiller com que se encerra a obra. A mensagem que Beethoven quer passar é clara, além de particularmente comovente em vista das atormentadas circunstâncias de sua vida pessoal (surdez, depressão, tragédia familiar): apesar do sofrimento, apesar da miserável fragilidade da natureza humana, somos capazes de amar uns aos outros intensamente, e podemos, juntos, sobreviver gloriosamente.
Ainda somos capazes de levar a sério essa mensagem hoje? Talvez não, mas a Nona sinfonia é um ato de fé corajoso e permanentemente miraculoso: ela mudou para sempre os conceitos da função da música e continuará a oferecer esperança e inspiração à nossa complicada espécie.
Influenciados: Todo o repertório sinfônico austro-germânico
Gravação recomendada: Complete Symphonies com Arnold Schoemberg Choir; Chamber Orchestra of Europe/Nikolaus Harnouncourt (Teldec)
Texto extraído da revista Classic CD, nº 20
AUDIÇÃO COMENTADA
Beethoven - Sinfonia Nº 9 "Coral" - Finale, última parte
A Nona sinfonia de Beethoven conclui com os versos da Ode à Alegria de Schiller. 00:00 O coro lança uma grande invocação à humanidade: "Abraçai-vos, ó milhões! Que este beijo seja para o mundo todo!" 02:16 Leve galopar das cordas, à medida que a sensação de certeza e catarse iminente oferecida pela música caminha para a arrebatada apóstrofe da alegria em 03:06 et seq.: "Que todos os homens se tornem irmãos onde abrires tua asa gentil". 04:46 A música desloca-se do êxtase para o extremo arrebatamento, à medida que toda a extensão da visão que Beethoven tinha da humanidade é finalmente revelada em uma cacofonia de sons inspirados e triunfantes. (é de arrepiar!!!!)
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