Invictus (2009)
Direção: Clint Eastwood. Com Morgan Freeman e Matt Damon.
Sinopse: O presidente Nelson Mandela da África do Sul percebe que uma forma eficiente de tentar realizar a unificação racial em seu país é apoiar o time de rugby (um dos maiores símbolos da população branca) que vai disputar a copa do mundo do esporte em casa, mas que não anda com bom retrospecto. Para isso, deverá enfrentar a desconfiança dos brancos e a indignação dos negros, que odeiam a seleção por vinculá-la ao regime do Apartheid. Baseado em fatos reais.
Indicações ao Oscar 2010: Melhor ator (Morgan Freeman) e melhor ator coadjuvante (Matt Damon).
Atenção, este texto contém spoilers
No início do filme, temos um breve retrospecto da vida de Mandela até o ponto em que ele sai da prisão e é eleito presidente da África do Sul. Vemos alguns brancos decretando o fim do país e a possibilidade de se mudarem - o que alguns poderão julgar como atitudes racistas, eu particularmente vejo essa reação como normal, pois qualquer ser humano, branco ou negro, tem dificuldades para encarar o "novo".
Na sequência, passamos a conviver com o cotidiano do novo presidente, a forma como encara o cargo e as pessoas que o rodeiam: sempre com humildade e consideração. É interessante a cena em que os funcionários brancos do palácio do governo começam a "arrumar as malas" na certeza de que serão substituídos por outros funcionários negros e Mandela, percebendo essa movimentação, convoca todos ao seu gabinete e faz um discurso de que todos que se esforçarem pelo país terão seu lugar garantido, independente da cor da pele.
Paralelo a isso, acompanhamos pela tv e pela boca do povo o péssimo desempenho e a falta de credibilidade dos Springboks, a seleção de rugby, que se vê às portas de uma copa do mundo que será disputada em seu próprio país.
O filme não é uma biografia, tampouco trata da história de Mandela. É um fragmento, um recorte. Tenta passar um pouco da visão de mundo desse importante sujeito. Não faz dos brancos vilões e não pinta um quadro violento de disputas raciais, embora mostre que ela exista. O filme é bonzinho, ou seja, só dá espaço para a bondade de Mandela e das pessoas que são retratadas. Sentimentos ruins são apenas insinuados. Não gosto de filmes assim.
A direção de Clint Eastwood é bela e sensível, fico surpreso por não ter sido indicada ao Oscar. As filmagens dos jogos são belíssimas e o som ambiente nos coloca dentro do estádio (assistir esse filme com um bom home-theater é fundamental!). Entretanto não gostei muito do Mandela de Freeman. Apesar de seu esforço em pegar o sotaque e postura, não consegue se desvencilhar de sua arrogância habitual (saudade da época em que ele era bom ator como em "Conduzindo Miss Daisy", naqueles tempos ele conseguia representar a humildade), e Mandela é a humildade em pessoa, mesmo sem falar nada, só pelo seu semblante. Damon faz um bom trabalho como o capitão do time François Pienaar.
O roteiro é parcial e busca endeusar a figura do protagonista dando-lhe a perfeição de caráter. O fato de um de seus seguranças mencionar que Mandela também é um homem e portanto tem seus defeitos, não é coerente com o que o roteiro mostra.
Mal comparando, prefiro muito mais filmes como "O Último Rei da Escócia", que embrulham o estômago, mas mostram que o bem e o mal não são tão claros assim, do que Invictus e seu faz-de-conta. Por outro lado, não digo que o filme é ruim, é uma ótima pedida para reunir a família para ver que a humanidade também pode ser boa.
Nota: 7 (bom e edificante)
Trailer:
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