Direção: Lone Scherfig. Com Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Alfred Molina, Rosamund Paik, Emma Thompson e Olivia Williams.
Indicações ao Oscar 2010: Melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor atriz: Carey Mulligan.
Sinopse: Garota se prepara para entrar na universidade de Oxford com toda dedicação e com o apoio da família. Bonita e inteligente acaba atraindo a atenção de um homem mais velho e sedutor que lhe apresenta um "novo" mundo de prazeres e descobertas fascinantes, que fazem a garota questionar que futuro quer realmente ter.
Essa história é emblemática, é como se fosse uma lição de moral. Jovem de 16 anos, de classe média, tem por objetivo “sugerido” por seus pais estudar com afinco para conseguir ingressar na universidade de Oxford (uma das melhores do mundo). Como a história se passa no início da década de sessenta, dá para afirmar que os pais da menina são “moderninhos”, já que naquela época, o futuro de uma moça ainda era conseguir um bom marido e virar dona de casa. Mas essa conclusão é falsa, esse filme foi feito para os dias de hoje, dias esses em que muito se questiona a validade desse tipo de vida capitalista onde o sucesso é medido por cargos, canudos e pelo tamanho da carteira, coisas apenas obtidas com trabalho obsessivo e árduo – a não ser que se tenha nascido em berço de ouro – com prejuízo no lazer e nos prazeres.
A protagonista Jenny (Carey Mulligan) simboliza aquele perfil de pessoa que tem opinião própria, senso crítico e que questiona o modo como a sociedade é constituída, ou seja, aquela que TEM que se dar mal, pelo menos para os reacionários de plantão, como é o caso dos autores desse filme. Uma das frases que simbolizam isso é quando Jenny argumenta com seu pai, vivido por Alfred Molina, sobre ter “idéias próprias” e ele responde que Oxford (o sistema) não gosta de gente assim. E ela se dá mal quando é atacada em seu ponto fraco: a imaturidade.
Peter Sasgaard é David, um jovem, porém bem mais velho que Jenny, “empreendedor” bem sucedido que se interessa pela menina e a seduz como se fosse um príncipe encantado. Mesmo ela sendo inteligente e vendo certos sinais do caráter duvidoso do rapaz, deixa-se seduzir pela vida noturna, a diversão, concerto musicais, o glamour, Paris! – Aqui outro ponto do conservadorismo louvado pelo filme: os prazeres levam à ruína! – Por quê? Por que uma situação dessa não pode ser verdadeira e levar a um final feliz?
Quando a moça encara o sistema, representado na figura da diretora da escola interpretada por Emma Thompson, a segunda não consegue dar nenhum argumento convincente para deixar claro por que se deve abdicar da “vida” para se dedicar ao estudo-trabalho-trabalho-estudo-morte. É como se o “tempo dirá”, e disse mesmo, pelo menos nesse filme. A pobre moça é enganada, perde a chance de entrar na faculdade e tem que pedir de joelhos para voltar a se integrar ao mundo dos “certinhos”.
Outra coisa extremamente irritante: a bela Rosamund Pike interpreta uma jovem epicurista, ou seja, uma devota dos prazeres. Por causa disso é retratada como uma ignorante e fútil, deixando claro que “se seus interesses são os prazeres, você é fútil e burro”.
Ora, claro que a vida é dura e que tudo que vem fácil merece desconfiança. Claro que se deve pensar no futuro e batalhar por ele, mas o que você quer para seu futuro? Obter o sucesso para você o que é? Se for ter muito dinheiro e cargos importantes, faça como o filme ensina: abdique dos prazeres e estude-trabalhe como louco!
Ora, claro que a vida é dura e que tudo que vem fácil merece desconfiança. Claro que se deve pensar no futuro e batalhar por ele, mas o que você quer para seu futuro? Obter o sucesso para você o que é? Se for ter muito dinheiro e cargos importantes, faça como o filme ensina: abdique dos prazeres e estude-trabalhe como louco!
Isso tudo me lembra uma história sobre um encontro de Alexandre, O Grande com o filósofo Diógenes: Alexandre avançava com suas tropas quando avistou Diógenes tomando sol ao lado de seu barril, que lhe servia como moradia. Eles conversaram e não me recordo sobre o quê, mas Alexandre ficou tão admirado com Diógenes que lhe perguntou o que ele gostaria de receber do grande Imperador Alexandre. Vendo a oportunidade de atingir a felicidade podendo receber do homem mais poderoso da terra o que quisesse, Diógenes nem precisou pensar muito, apenas pediu para que saísse da frente de seu Sol e o deixasse em paz.
Sobre as indicações ao Oscar, apesar de Carey Mulligan estar bem, é mais uma prova de que este ano foi muito fraco para o cinema.
Nota: 3,5
Veja o trailer
2 comentários:
Nossa,
primeira opinião extremamente negativa que li sobre este filme.
E você pegou pesado, mas gosto é gosto.
abraço
Cristiano, o que me incomodou nesse filme foi a tentativa de afirmar que para ter sucesso na vida você deve seguir o "esquema" e que as coisas que fogem dele levam ao desastre. Essa mentalidade conservadora-cristã para mim é totalmente contrária à natureza humana. Esse bom-mocismo é muito chato!
Abração e obrigado pela visita!
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