Para a boa compreensão deste artigo, é imprescindível a leitura prévia dos artigos anteriores, caso ainda não tenha lido, utilize os links abaixo:
- A Formação do Gosto Musical - Introdução
- A Formação do Gosto Musical - Parte 2: Os Primeiros Padrões Musicais
- A Formação do Gosto Musical - Parte 3: A Estrutura Básica da Música
- A Formação do Gosto Musical - Parte 4: Os 4 Maiores Agentes Formadores do Gosto - 1º Costume
- A Formação do Gosto Musical - Parte 5: Os 4 Maiores Agentes Formadores do Gosto - 2º Associação
- A Formação do Gosto Musical - Parte 6: Os 4 Maiores Agentes Formadores do Gosto - 3º Disposição
Ao ler o título pomposo deste quarto elemento formador do gosto pode-se ter a falsa impressão de que ele é restrito aos acadêmicos da música. Apesar deles certamente estarem inclusos neste contexto, não é a eles em especial que me refiro. A ideia é me referir a alguma espécie de aprofundamento, seja ele teórico ou não.
É muito comum, quando temos interesse por alguma música ou estilo, termos despertada nossa curiosidade para conhecermos mais e melhor. Esse interesse pode surgir quando já gostamos de alguma banda, artista ou gênero, graças a algum dos outros fatores formadores do gosto, ou pode surgir por mera curiosidade, primariamente, e ao adquirir certo conhecimento, seja de forma acadêmica ou empírica, essa "erudição" passa a agir na formação de nosso gosto.
Um exemplo pessoal foi quando tive o interesse em conhecer música clássica. Muitas pessoas que eu respeitava insistiam que era excelente, apesar de sempre ter isso em mente, nunca tive uma exata noção das razões desse tipo de música ser tão boa, e passava longe do meu gosto pessoal, salvo alguns temas clichês. Ao me debruçar sobre o assunto, percebi que o termo "clássico" era uma generalização incorreta para descrever estilos musicais tão diversos entre si, que havia um grande abismo nas formas musicais de um Barroco e um Romântico por exemplo.
O Barroco era desagradável para mim, uma proliferação de notas quase infinitas, era demais para absorver... Ao me aprofundar neste estilo, entendi sua forma horizontal de composição, as fugas e tantos outros aspectos fascinantes desse estilo musical. Com todo esse esclarecimento, parece que um universo totalmente novo se abriu diante de meus ouvidos, e ao ouvir as músicas, passei a perceber o que havia ali; pude entender a criatividade, o inusitado, o brilhantismo, a originalidade de cada compositor, o "caminho" percorrido pelas músicas. Isso tudo tornou-se belo para mim e com o passar de algum tempo e muitas audições, passou a fazer parte do meu gosto.
Esse tipo de erudição pode vir de qualquer estilo musical - do mais simples ao mais complexo (em todos os sentidos) - quanto mais nos aprofundamos em conhecimentos sobre eles, em geral mais gostamos. Apenas com essa bagagem podemos ter clareza para afirmar se determinada música é boa ou ruim, independente de gostarmos dela ou não. Apenas assim conseguimos perceber que não existe um estilo ou gênero musical ruim, assim como época que presta ou que não presta, mas músicas boas e ruins dentro de cada um deles.
Muitos ouvem música de forma emocional, e é muito prazeroso aproveitá-la dessa forma, mas há também outra maneira, também muito prazerosa e que pode amplificar ainda mais as emoções - a forma racional - entender o que acontece de fato nas composições, por quais caminhos ela segue, ser surpreendido com a originalidade e o inusitado dos compositores e passar a gostar cada vez mais e com mais força dessa maravilhosa forma de arte chamada música!
6 comentários:
Nossa, li o primeiro artigo da série e tive que ler todos, muito bom, parabéns.
Fiquei lendo e pensando em como criei meu gosto musical, eu nunca gostei das músicas q minha mãe ouve até o dia em q ela colocou uma fita k7 do Cazuza e apartir dai eu descobri o rock e me apaixonei por ele. Aprendi a gostar de tudo q meus pais não escutavam em casa, como rock, mpb e música classica.
Puxa, fiquei feliz, muito obrigado!
Penso que até seja comum partirmos por um caminho diferente de nossos pais, e os motivos são inúmeros! Sem dúvida nossa individualidade, personalidade e desejos têm tudo a ver com nossas escolhas (conscientes ou não). Falo com mais detalhes sobre estes aspectos no capítulo "Disposição".
Valeu por acompanhar e participar, espero que volte mais vezes!
Abração!
Muito bom os artigos Rodrigo, parabéns cara! Descobri o blog por acaso e resolvi seguir. Estava precisando ler algo interessante assim, que pudesse explicar a origem dos gostos musicais de uma forma clara e concisa. Parabéns pelo blog. abraços
Olá Vinícius!
Muito obrigado pelos elogios e seja muito bem-vindo!
Abraço!
Mais um grande post dessa série!
Concordo em gênero, número e grau, com o perdão do clichê. Quanto mais a gente escuta e se aprofunda em um determinado tipo de música, mais a gente percebe a sutileza e a beleza nela contida. E mais gosta.
Acontece muitas vezes de uma pessoa admirar um artista ou mesmo todo um gênero de música, e estranhar que alguém não reconheça a mesma beleza que ele e achar que as músicas são todas iguais.
Claro, a tendência é a pessoa se aprofundar naquele tipo de música que mais gosta, mas às vezes é só uma questão de estar disposto a ouvir coisas diferentes e se abrir a novos oportunidades. E de repente se descobre um monte de coisas novas.
Olá Edison, bem-vindo novamente!
Legal que gostou! Concordo com todas as suas observações!!
Abraço!
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