Análise musical é a identificação dos elementos formadores de uma música. Ela é fundamental para que se possa emitir os conceitos de "boa" ou "ruim".
Sempre que ouvimos música, imediatamente somos compelidos a fazer uma análise dela. A primeira coisa que vem a mente é se ela nos agradou ou não, isso não deixa de ser uma primitiva (instintiva) forma de análise.
Diante desta resolução, algumas pessoas se dão ao trabalho de conjecturar quais as razões dela ser boa ou ruim, muitas vezes sem se dar conta de que essa avaliação é parcial e individual, ou seja, ela é boa ou ruim para você e não de fato.
Penso que a maneira mais efetiva para se provar que uma música é boa ou ruim de fato é através de uma análise musical mais profunda.
Mas como seria isso?
Em primeiro lugar não se emite esse tipo de julgamento para um gênero musical inteiro, por exemplo: o Axé Music não presta, isso mostra apenas a ignorância do sujeito que proferiu tal juízo. Deve-se analisar caso a caso. Se você ler algum crítico fazer esse tipo de afirmação, não o leve a sério, ele não merece.
Em segundo lugar, deve-se tentar reconhecer a qual estilo(s) musical(is) tal música pertence. Feito isso, deve-se conhecer os fundamentos do(s) estilo(s), tanto em termos de estrutura quanto de estética, se não houver esse conhecimento, não faça a análise, seja ela positiva ou negativa, estará embasada em preconceitos.
Opinião sem conhecimento de causa deve ser tratada como palavras ao vento.
A partir daqui, o analista poderá escolher os critérios que serão utilizados, esse passo é muito importante pois a conclusão da análise será de acordo com esses critérios, por exemplo, se o critério para a análise for a técnica, a música analisada será boa ou ruim apenas em referência a esse critério, mas poderá ter um juízo diferente se o critério analisado for outro. Leve em conta o estilo ao qual pertence a música, não faz o menor sentido analisarmos a técnica de uma música sertaneja tendo como parâmetro a técnica do jazz.
Escolhidos os critérios, defina seu método. Você pode ser pragmático - monte uma planilha com os critérios e espaços para o preenchimento de suas observações. Ouça com atenção mais de uma vez e repita trechos para perceber melhor. Você pode ser empírico (dependendo dos critérios analisados, isso pode não ser possível) - convide alguns amigos, de preferência que gostem do estilo para ouvir junto com você e observe suas reações. Tente racionalizar suas sensações e a de seus amigos para notar o impacto que a música causou. Se interesse pelas reações causadas no público em geral, através da mídia.
Procure opiniões de especialistas, amantes e detratores do gênero, "penere" os argumentos e confronte-os com suas impressões, reações, constatações e observações. Na análise empírica tente se isentar se a sua reação for minoritária, não a tome como primordial, lembre que sua análise é da música e não de si mesmo.
Escreva sobre suas conclusões deixando claros seus métodos e critérios e proponha a discussão. Esteja aberto às opiniões e mude de ideia se seus argumentos forem suplantados por outros melhores e mais embasados. Seja humilde, tenha em mente durante todo o processo que você não é o dono da verdade, mas sim o sujeito que está em busca dela. O objetivo final não é você estar certo, mas encontrar o certo!
Sempre que chego a alguma conclusão, costumo dizer que "no momento penso isso", pois não tem nada de errado em mudar de opinião posteriormente se novos elementos forem apresentados.
E você, o que acha?
2 comentários:
Ótimo post, Rodrigo. Sua argumentação cerca bem a questão do critério sob o qual comparar e analisar músicas. Realmente, não é razoável comparar músicas de gêneros diferentes. O grande problema na minha opinião é a parte de "racionalizar as sensações".
Quanto à mudança de opinião, uma vez alguém disse uma coisa genial da qual sempre procuro me lembrar: "só um completo idiota nunca muda de opinião".
Abraços!
Exatamente Edison! É aí onde principalmente se fundamentam as discussões! Racionalizar as sensações talvez seja uma tarefa mais difícil do que analisar uma partitura. Mas note que isso só é necessário se você utilizar critérios não técnicos para sua análise e o método empírico.
Mais uma vez obrigado pelo apoio!
Abraço!
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