Como vimos, a formação do gosto musical não é um assunto simples, nem tampouco trivial. Vários elementos estão envolvidos, dentre eles destaco:
A personalidade do indivíduo;
A estruturação da música;
A influência do ambiente;
O nível cultural;
O grau de tolerância;
O interesse;
A experiência associativa.
- Para a boa compreensão deste artigo, é imprescindível a leitura prévia da serie, caso ainda não tenha lido, utilize o link abaixo:
Percebemos que o gosto começa a ser formado antes mesmo de nascermos, e que pode ser um processo constante até o final da vida, porém, encontra alguns impedimentos, como a diminuição da cognição em decorrência da velhice, os preconceitos e o baixo nível cultural.
A proposta da serie não é moldar gostos e nem dizer o que é certo ou errado, apenas procurar refletir sobre o tema e convidar o leitor a debatê-lo.
Minha posição pessoal é que quando interrompemos nossa formação do gosto ou a restringimos a poucos estilos musicais, estamos limitando nosso potencial apreciativo e deixando de aproveitar os benefícios que todos os estilos, de uma forma ou de outra nos proporcionam. Entretanto, não prego o "gosto universal", ou seja, gostar de tudo. Penso que os indivíduos expressam suas personalidades também em relação às músicas e estilos que compoem seu gosto pessoal.
Essa visão parece ser contraditória, mas não é. Posso aproveitar o que uma música proporciona de bom sem necessariamente gostar dela. Em meu ponto de vista, há três formas de se apreciar música:
1- Com a cabeça - como vimos na parte 7 da série: Erudição
2- Com o coração - como vimos no decorrer da serie, principalmente na parte 5: Associação
3- Com o corpo - essa é a forma menos apreciada pelos ditos "intelectuais" da música. É notável como algumas pessoas perdem a oportunidade de apreciar música dessa saudável forma. Alegam tratar-se de músicas alienadas e simplórias - dignas do populacho ignorante. Sim, podem ser simplórias em sua estrutura, podem não tratar de nada relevante; mas divertem, alegram, empolgam - isso afinal, não seriam méritos?
Critico aqui no blog quando apenas esse tipo de música que envolve a "audição com o corpo" se sobressai, não os artistas ou as músicas, mas sim o fato delas se sobressaírem frente às demais, causando até sua segregação completa, como se não existissem! A maior causa disso é a manipulação da mídia, porém ela só é possível graças a precária educação em nosso país, que simplesmente cancelou o ensino musical e artístico nas escolas públicas; atitude que logo foi seguida pela maioria das instituições de ensino particulares.
O estudo das artes trás vários benefícios, os mais importantes, sem dúvida são o desenvolvimento do senso crítico e o poder de avaliação. Sem esses recursos, não passamos de massa de manobra!
Finalizo agradecendo aos caros leitores que participaram dessa serie, seja lendo ou também entrando no debate. Não tive a pretensão de trazer verdades incontestáveis, apenas o fruto de minhas experiências e leituras. Espero que o conteúdo tenha sido de alguma valia para sua reflexão e que, concordando comigo ou não, que você continue se divertindo ouvindo música!
Abraços!!
Rodrigo Nogueira.
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5 comentários:
Muito boa a série, Rodrigo. Parabéns!
Obrigado Edison!
Sua participação no decorrer foi muito importante.
Muito legal, bom mesmo. Porém acabei pensando em algo, e quando ouço uma música de forma hedonista? Realmente sinto um prazer ao ouvir certa música, um prazer que arrepia os pelos, porém não é pela erudição, me mantenho parado e conscientemente não associo à nada. Você acha que esse prazer pode vir de algo incosciente? Experimente ouvir "Alligator (Choir Version)" do grupo "Grizzly Bear" e sinta a música, a sinta de forma institiva. É uma experiência indescritível, principalmente com o uso de certas substâncias que alterem sua percepção. Na minha opinião nessa ótima série só faltou falar na música com obra de arte, a simples deleite com a música, uma degustação, como ver um filme ou comer uma comida saborosa, e tem muito a ver com o psicodelismo, uma música como experiência.
Obrigado pelos elogios!
Sobre sua questão, sim, penso que esse prazer possa vir de algo inconsciente. A partir do momento que haja padrões estabelecidos, qualquer coisa "familiar" a eles pode causar esse efeito. Outro ponto relevante é a própria estruturação da música que mexe com a mente das pessoas (sugiro a leitura do artigo "A manipulação através da música" da serie "Música na Cabeça" escrito pela musicoterapeuta Flávia Nogueira http://sonsfilmesafins.blogspot.com/2011/01/serie-musica-na-cabeca-capitulo-3.html).
A música como forma de arte não foi um assunto aprofundado, pois achei que desviaria o foco da serie que é apresentar razões para a formação do gosto musical. Entretanto, para apreciar a música como arte, sem dúvida é necessária a erudição para formar esse gosto, ou seja, ele deve ser condicionado. Empiricamente, podemos apreciar música pelos efeitos que ela nos causa; para apreciá-la por si só (como uma obra de arte), é necessária a erudição.
Abraço!
Oi Rodrigo achei seu bastante interessante seu bolg, em especial a série sobre gosto musical, gostaria de ter acesso a bibliografia utilizada para usar seu trabalho como base para minha monografia, desde já agradeço e o parabenizo pela iniciativa. Lucilene
meu e-mail é lucileneejunior@hotmail.com
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