segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Ritual


THE RITE (2011)

Sinopse: A trajetória de um jovem padre norte-americano durante os meses em que passou em uma escola de exorcismo filiada ao Vaticano - baseado em fatos reais (Cineplayers).


Apesar de ser sempre bom ver Anthony Hopkins interpretar, o filme não passa de um entretenimento barato. O protagonista Michael Kovack é feito por um fraco e inexpressivo Colin O'Donoghue e Alice Braga está em mais um papel minúsculo.


Você já viu? Conte para nós o que achou!

domingo, 24 de abril de 2011

Serie "Música do Outro Mundo" - Capítulo 7: América Latina


A América Latina - encruzilhada histórica de exploradores mediterrâneos, escravos africanos e povos indígenas - sempre foi um candinho de culturas musicais. Com o tango e a salsa, especialmente a obra de Piazzolla, hoje populares como nunca, o candinho está fervendo, afirma Jan Fairley.

Das flautas andinas ao tango, da harpa paraguaia à bossa nova, a música popular da América Latina tem-se destacado bastante neste século em todo o mundo. Os portugueses, espanhóis e praticamente todos os outros dominadores europeus exploraram o Novo Mundo e nele se instalaram, de modo que não é de surpreender a incrível diversidade de excelente música hoje encontrada nesta parte do mundo; ela se desenvolveu a partir da contribuição dos conquistadores; dos indígenas originais, que, embora em grande parte dizimados, deixaram seu legado; dos que foram trazidos como escravos de numerosas tribos e nações; dos posteriores imigrantes e migrantes; e de todos os que aqui acorreram em busca de uma nova vida, de um futuro, de seus sonhos de riqueza. É a maneira surpreendente pela qual todos os múltiplos ingredientes dessas três fontes principais  - europeia, africana, indígena - se combinam que explica essa música tão original: todos os instrumentos europeus que chegaram às mãos dos americanos evoluíram de forma a atender a estética local: violões de variadas formas e tamanhos, os mais diversos instrumentos de percussão e estilos vocais - todos acabaram gerando múltiplas tradições. 


Os navios iam de porto a porto, transportando não apenas mercadorias, mas também tradições musicais com as pessoas que carregavam. É por isso que o tango, que surgiu no Rio da Prata (Argentina/Uruguai), possui ingredientes envolvendo a habanera cubana, com suas características de danças campestres europeias, a milonga do gaúcho que trás seu gado ao porto, e elementos africanos, andaluzes e italianos. O tango, com suas histórias de amor ou sonhos frustrados e da clássica traição, traça uma metáfora maior dos sonhos e esperanças não concretizadas dos imigrantes, bem como dos sonhos que envolvem a nação e as mulheres, comuns a outros gêneros.


Por vários séculos, Cuba foi o Picadilly Circus dos negócios, com Havana como maior porto das Américas, uma cidade cosmopolita, e a ilha há muito ficou conhecida como inovadora musical. Como no Brasil, os escravos africanos criaram novas culturas de resistência que sobrevivem até hoje, inalteradas pela Revolução, tocando qualquer coisa que possa ser usada como percussão e desenvolvendo um tocar de tambores secreto dentro dos cultos religiosos. Elas constituem um dos principais ingredientes de inspiradas composições do século XX que incluem o jazz latino e a salsa.


No próximo capítulo: Conheça a música do Brasil (a verdadeira), Argentina, Cuba e Haiti - Indicações de CDs, resenhas, vídeos, audições - não perca!!

domingo, 17 de abril de 2011

Serie "Música do Outro Mundo" - Capítulo 6: O Extremo Oriente - Audições, Indicações e Resenhas


"Comparada com a do Extremo Oriente, a música ocidental ainda está na infância"


Nas próximas linhas seguem algumas dicas de discos de artistas do Extremo Oriente. Como na viagem musical pela África, divido aqui também as dicas por países.

CHINA

The Sound of Silk and Bamboo - Louis Chen & Friends/Ya Dong

1 - In Thoughts of an old friend
2 - Crows playing on a winter's stream
3 - Solo for erh'ru
4 - Solo for ti-tse
5 - Folk dance of the li
6 - Give me a present of a rose
7 - Playing with water
8 - Melody of Guang Ling
9 - Solo for sheng
10 - Duet for erh'ru and yang qin
11 - Snow geese at play on the water
12 - Solo for ti-tse
13 - Festival of the flower

Chen faz uma boa entrada com a meditativa In Thoughts of an old friend (Pensamentos de um velho amigo) na zheng de cordas de seda, num contraste com o agitado Crows playing on a winter's stream (Corvos brincando num rio gelado) na zheng de cordas de metal. Festival of the flowers (Festival das flores), de Ya Dong e tocada no pi'pa, é uma composição mais abstrata. Esta excelente antologia de sessões de 1976 a 1990 apresenta uma seleção criteriosa de peças para solistas ou duo. 

Naxi music from Lijiang - The Dayan Ancient Music Association

1 - Drumroll and eight trigrams
2 - Eternal flowers
3 - Ten offerings
4 - Dainty steps
5 - Sheep on the hill
6 - Primordial
7 - Spring has come
8 - Summer has come
9 - Clear stream and the old man
10 - Closing ode
11 - Folksong melody
12 - Dance tune
13 - Dance tune 

Os naxis, explicam as notas de Helen Rees, constituem uma minoria étnica de província de Yunnam, no sudeste da China. Embora achinesados até certo ponto, eles conservam uma vigora auto-suficiência cultural. Uma longa história de associações musicais perpetuou sua música ritualística dongjing. Este importante conjunto de 10 músicos que tocam alaúdes dedilhados (pi'pa), flautas de bambu e percussão revive uma tradição naxi secular, reprimida durante a Revolução Cultural. Os instrumentos ainda seguem a melodia em "Shi gongyang" (dez oferendas), com cada um deles entrelaçando uma interpretação paralela da linha melódica. Seu efeito poderia ser comparado ao de uma obsessão melódica.

(Para ouvir um trecho de cada faixa, clique AQUI

Veja aqui um trecho de uma apresentação de uma orquestra típica Naxi!


Veja nos dois vídeos abaixo a virtuose Liu Fang solando na pi'pa e no guzheng!


Alguns dos instrumentos utilizados nestes álbuns:

Guzheng (zheng de cordas de seda)
Ti-tse
Pi'pa
Sheng
Veja aqui uma demonstração do sheng (muito doido!!)


JAPÃO

Masters of Zen

1 - E mu
2 - Aika
3 - Hoshun
4 - Ame
5 - Tanshi
6 - Tanshi

(para ouvir um trecho de cada faixa, clique no nome dela)






As oito faixas desta antologia comprovam mais a duradoura popularidade do koto e do shakuhashi que de qualquer outro aspecto filosófico da doutrina zen. As peças mais interessantes são Emu, de Hideaki Kuribayashi (com o compositor ao koto) e Stardust (Poeira de estrela), de Mizuno Toshihiko. Uma boa introdução - talvez essencial - a obras criadas principalmente na década de 70.

Veja o Koto Quartet em ação tocando uma música do Hideaki Kuribayashi!



Lullaby for the Moon

1 - Komuriuta
2 - Toge-Hashi-Ri
3 - Kuon No Hikari
4 - Umi
5 - Muttsu
6 - Sakura
7 - Kojo
8 - Chidori

(para baixar, clique na capa do disco)






Esta deliciosa compilação de música de koto e shakuhachi (flautas de bambu tocadas pela extremidade) complementa "Japan: Ancient Court Music and Koto Melodies", datado de 1996 e também proveniente dos ricos arquivos da Toshiba EMI. O CD apresenta uma variedade de permutas instrumentais, inclusive três kotos e um shakuhashi em Umi (Fantasia Marítima), de Ichzan Hoshida, e dois shakuhashis e um koto em Sakura (Cerejeiras em flor), de Sajura.

Instrumentos utilizados nesses álbuns:

Koto

Shakuhashi

VIETNÃ



Moonlight in Vietnam - Khac Chi Ensemble

1 - Tren dinh nui
2 - Tinh yeu rung
3 - Bai hat dan ca quan ho
4 - Suoi dan t'rung
5 - Hen ho trong hang nui
6 - Vu khuc tay nguyen
7 - Mua xuan den
8 - Bai hat cai luong
9 - Ho hui
10 - Du xuan
11 - Vu khuc dem trang
12 - Que huong
13 - Dan ca tay bac
(para baixar, clique na capa do disco)

Longe de Hollywood, os instrumentos do Khac Chi Ensemble criam uma música fantástica. Ouça as gaitas de bambu que não são tocadas com as mãos ou a boca: a k'longput soa empurrando uma coluna de ar para baixo com um tapa preciso. Uma total revelação musical.

AUDIÇÃO COMENTADA
"Trên dinh núi" (No topo da montanha)

Esta é uma balada tradicional do povo ede, das montanhas vietnamitas, adaptada por Huynh Tú. A percussão profunda e entoada de garganta - o baixo dinh pa - abre a peça.

Em 0:20 uma voz típica faz sua entrada. O ko ni é uma rabeca de vara com duas cordas que só existe no Vietnã, sem qualquer cabaça ou caixa de ressonância de madeira. Em vez disso, as cordas são ligadas por fios de seda a um disco de ressonância na boca do executante. Ao mover a língua ou os lábios, ele modula a nota.

Em 1:08 a percussão mista junta-se a esta recriação de uma balada.

Khac Chi explica o funcionamento dos instrumentos vietnamitas (se você acha que já viu de tudo, prepare-se para se surpreender!):

FILIPINAS



Utom: Summoning the Spirit

1 - Call of Cicada
2 - Flying Woodpecker
3 - Dance Tune
4 - Call of Cicada
5 - Gongs of the lemlahak man
6 - Reed pipe
7 - Song of the night bird
8 - Beat of the horse hoofs
9 - Call of Cicada
10 - Cacklinb m'naul bird
11 - Canceled touch
12 - Beat the gongs slowly
13 - Beat the gongs criss
14 - Sound of the wind
15 - Hymn of lake Sebu
16 - Prized banana
17 - Lute
18 - Sendulung
19 - Fast tenintu
20 - Continuosly

Nas montanhas do sudoeste de Mindanao vive um povo chamado t'boli. Sua cultura é pré-islâmica e pré-cristã, que se revela em seu estreito contato com a natureza e uma fé xamanista. Utom é um meio de se interpretar e incorporar os sons do mundo natural em uma composição musical, como no caso do canto da cigarra. As gravações de campo etnomusicais de Manolete Mora capturam a cultura de um povo ameaçado de extinção, mas de grande refinamento espiritual.




Fascinante, não? Que viagem!! Semana que vem tem mais!!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

As Histórias Fantásticas de Eduardo Seincman


Ontem chegou em minhas mãos o interessante trabalho composto pelo professor e compositor Eduardo Seincman, e interpretado por um time de primeira da nossa música erudita: Histórias Fantásticas, gravado em 2009. Um CD com quatro faixas, cada uma delas tendo por base um consagrado trabalho literário de grandes autores, como Edgar Alan Poe, Machado de Assis e outros.


Vale a pena conferir, ouça no player abaixo!



Há um ótimo site informativo para divulgar o trabalho, onde você encontrará dados sobre as composições, compositor, intérpretes, críticas e como é possível adquirir o CD, confira no link abaixo!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Dúvida Agora é Universalizada!


RECAPITULANDO:

Passamos toda nossa vida aprendendo coisas e formando ou aceitando conceitos. Mas de tudo isso, o que será incontestavelmente verdadeiro, ou seja, em que estou sendo enganado?

Partindo desta pergunta inicial, escolhi utilizar o método cartesiano para encontrar as verdades; no entanto, no ponto em que estou, mais dúvidas surgiram e percebi que todo o conhecimento que possuo advindo dos sentidos pode ser enganoso, os únicos argumentos que persistem são os de que tudo o que posso imaginar ou sonhar devem vir de percepções do mundo externo e as verdades matemáticas e geométricas.

Argumentos que serão quebrados no texto que segue.

***Para entender melhor, antes, leia AQUI o artigo anterior.***

DEUS EXISTE?

Neste momento não tenho condições de responder a essa pergunta, mas é concebível a perspectiva do Criador onipotente e onisciente existir?

Certamente que sim! - Então raciocina Descartes:

"Ora, quem me poderá assegurar que esse Deus não tenha feito com que não haja nenhuma terra, céu, nenhum corpo extenso, figura, grandeza, lugar, etc, e que, não obstante, eu tenha os sentimentos de todas essas coisas ou que tudo isso exista de modo diferente do que percebo ou penso?"

Assim, 4 + 5 pode não ser 9 ou, não havendo de fato nem 4 nem 5, muito menos haveria sua somatória, um provável 9!!

Se tudo o que sonho e imagino vêm do que sinto, não poderia esse poderoso Deus me fazer ver as coisas de modos diferentes dos que são de fato, ou que elas nem existam, apenas pareçam a mim existir?

Seria possível que o Deus de poder supremo esteja a enganar meus sentidos com pensamentos ilusórios?

De modo algum! - o caro leitor poderia dizer - pois se Deus existe, ele é bom! Mas e se fizesse parte dessa Sua bondade, justamente não me permitir ver as coisas como elas realmente são, pois assim um grande mal se abateria sobre mim?

Ok, você poderia afirmar que tudo isso é fantasioso demais, poderia até alegar que Deus nem existe. Que somos produtos do acaso ou do destino ou outra explicação qualquer seja dada. Entretanto uma coisa é certa: eu falho, eu me engano, e isso não seria o suficiente para alegar uma espécie de imperfeição? Se posso me enganar com algo, não poderia em tese também me enganar com tudo? Penso que sim. Além de duvidar de meus sentidos, como comecei a fazer no artigo anterior, devo duvidar também de meus pensamentos!


Só que isso não é tarefa fácil, então recorro novamente a Descartes:

"Não basta ter feito tais considerações, é preciso ainda que cuide de lembrar-me delas; pois essas antigas e ordinárias opiniões ainda me voltam as vezes ao pensamento. (...) de sorte que se tem muito mais razão em acreditar nelas do que em negá-las."

Certo senhor Descartes, então como farei para não tomar em meu juízo nem meus sentidos nem meus pensamentos?

"Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse pensamento (...)"

Repare que o artifício que Descartes propõe é uma fantasia. O gênio maligno não existe de fato, é apenas  uma artimanha para que eu sempre me lembre de não considerar como verdade o que é obtido pelos sentidos e pelos pensamentos.

Agindo dessa forma, poderei chegar a dois pontos finais em minha investigação, diz Descartes:

"(...) e se, por esse meio, não está em meu poder chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito (mente) a todos os ardis desse grande enganador que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poderá impor-me algo."

Em outras palavras: 1 - alcançar a verdade; 2 - suspender meu juízo para não ser enganado.

Agora, para finalizar o artigo, encerro momentaneamente meu juízo.

Não perca o próximo artigo, nele alcançaremos a primeira verdade irrefutável, até lá!

Fontes: DESCARTES, René - Meditações Metafísicas, Meditação Primeira - Coleção "Pensadores", editora Abril

domingo, 10 de abril de 2011

Serie "Música do Outro Mundo" - Capítulo 5: O Extremo Oriente


Nas tradições musicais da China, Coreia, Japão e Tailândia, o silêncio entre as notas é tão importante quanto as próprias notas, tornando a música estranha aos ouvidos ocidentais. Ken Hunt convida os não-iniciados a se deliciarem com o que há por trás da Grande Muralha.

Embora a cultura do subcontinente indiano tenha colorido a psique ocidental durante um período de tempo suficiente para produzir uma receptividade com relação a seus dois sistemas de música clássica (conforme vimos nos capítulos 1 e 2 desta serie), em sua maior parte a música do Extremo Oriente ainda é, para os ouvidos ocidentais, uma fonte de perplexidade, bem como de prazer inesgotável para os que se mostram dispostos a investir tempo nas miríades de suas tradições musicais. Boa parte dela, sem dúvida, ocupa um campo especial e cultural de dimensões pouco familiares. Apesar dos grandes esforços de, digamos, Messiaen e sua obra orientalizada Sete Haïkaï - magistralmente registrada por Pierre Boulez pela gravadora Deutsche Grammophon (para ouvir, vá ao final do artigo) - a dinâmica temporal e a organização musical do Oriente podem exasperar o ocidental que condiciona o harmonizado ao mais humano dos ritmos, as batidas do coração, ou aos compassos ocidentais, em vez de aos longos ciclos.


A China, a Coreia, o Japão e a Tailândia possuem tradições que atribuem grande importância ao criterioso uso do silêncio entre as notas. Conceitualmente, o silêncio pode ser tão intrínseco à apreciação da peça quanto as notas que soam, como em ma (literalmente, "espaço"), a nota suspensa no tempo e o silêncio circundante, o quadro e a moldura, na música cortesã japonesa.

No aglomerado geral das culturas asiáticas, os ocidentais identificam a Ásia de uma forma que chocaria os europeus se alguém fizesse o mesmo, digamos, com a Alemanha, Grécia, Finlândia e França. O Extremo Oriente é o berço de uma arte notável e de tradições musicais ritualísticas ao lado das quais, historicamente falando, a música clássica ocidental ainda está na infância. Mesmo a tradição clássica japonesa, relativamente jovem - e que teve suas origens na China -, tem cerca de mil anos de idade.

A complexidade cultural da China é de tal magnitude que alguns exemplos ao acaso ficam quase sem sentido. Só o notável selo Wind, de Taiwan, contém exemplos da virtuosidade ao er'hu (rabeca de duas cordas) de Bing Chen, música cerimonial de percussão, música para o "sono eficiente" e cura, música taoísta de Formosa, composições de Dah-Wei Chen e Chi-Ming Leu, inspiradas pelas vidas de mestres budistas e as músicas das tribos aborígenes ami, bunum e yami.

Er'hu

A música artística da China serviu de modelo para várias culturas asiáticas. Também conseguiu uma influência oposta. O gagaku, que significa "música elegante", por exemplo, foi uma manifestação do imperativo cultural de se definir uma identidade cultural nipônica. Foram necessários séculos para os japoneses se livrarem dos grilhões culturais chineses, mas o gagaku foi uma expressão de autodeterminação artística.

Gagaku

Da mesma forma que os hábitos alimentares transformaram nossos cardápios e nosso gosto pela comida, a perspectiva de novos sabores musicais também despertou a curiosidade de muita gente. Um desejo de experimentar a diversidade musical do Extremo Oriente está começando a desabrochar. Mas a música artística asiática não é mais estereotipada que a cozinha asiática. Ela pode ser confunciana ruminativa, zen brilhante, agitada e marcial ou pode ter a força do caril selvagem tailandês. Para ficarmos apenas com músicos chineses, Jade Bridge, Jiang Jian Hua, Jie-Bing Chen, Tang Liangxing e Wu Man estão todos ganhando admiradores. Paralelamente, a obra do compositor Tan Dun, seja o seu Sobre o Taoísmo ou obras recentes para o Quarteto Kronos, também tem atraído novas audiências.

Jie-Bing Chen

Por ser tão diversa, alguns ouvintes não vão se identificar com a música artística asiática, de modo que é importante lembrar que nestes dias de posturas politicamente corretas é perfeitamente aceitável não gostar de tudo. O mundo é grande demais para se absorver tudo no espaço de uma vida. É por isso que fazemos escolhas. Mas as portas estão-se abrindo e nunca houve oportunidade melhor para se maravilhar com o que está por trás da grande muralha.

NA PRÓXIMA SEMANA - INDICAÇÕES, RESENHAS, AUDIÇÃO COMENTADA - TRABALHOS DA CHINA, JAPÃO, VIETNÃ E FILIPINAS - NÃO PERCA!


DIVIRTA-SE!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Duvido de tudo e de todos!


O título deste artigo pode fazer o leitor imaginar que eu seja um cara paranoico, mas não, na verdade trata-se de uma reflexão sobre a primeira meditação, ou meditação primeira, de René Descartes - filósofo moderno. Ele propõe essa dúvida hiperbólica como caminho necessário para se chegar às verdades.

René Descartes
"Há algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências".

Da mesma forma que Descartes, todos nós aprendemos coisas e formamos conceitos durante nossas vidas, mas muitas vezes assumimos tudo isso como verdades e mal nos damos conta de que podemos estar sendo enganados ou nos auto-iludindo "achando" verdades que não passam de enganos.

Entretanto, não é tarefa simples duvidar de nossas convicções e abolir todas as nossas "verdades", mesmo porque, muitas delas podem ser corretas.

Uma outra dificuldade é que possuímos atualmente uma enorme quantidade de conhecimentos, que se fôssemos questionar um a um, levaríamos mais uma vida para executar tal tarefa, sem contar que deveríamos ter memórias prodigiosas para lembrarmos de todos eles.

Descartes então propõe um criterioso método, onde o primeiro passo é o seguinte:

"Ora, não será necessário, para alcançar este designo, provar que todas elas (as coisas) são falsas, mas uma vez que a razão já me persuade de que não devo menos cuidadosamente impedir-me de dar crédito às coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis, do que às que nos parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo de dúvida que eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas. E, para isso, (...) dedicar-me-ei inicialmente aos princípios sobre os quais todas as minhas antigas opiniões estavam apoiadas."

Em outras palavras, começo atacando as bases do pensamento e aquilo que apresentar a menor possibilidade de dúvida, descartarei - "(...) visto que a ruína dos alicerces carrega necessariamente consigo todo o resto do edifício". Aquilo que não possibilitar nem a mínima dúvida, mesmo após muito refletir; tomarei como verdade.

Estabelecidos os critérios, devo pensar então, sobre a forma como adquiri meus conhecimentos:

"Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos."

Certo, então cheguei a conclusão de que tudo o que sei veio dos ou pelos sentidos; em seguida pergunto: será que existe a possibilidade, mesmo que remota, dos meus próprios sentidos me enganarem? Claro que sim, note: se observo um objeto à distância, posso me enganar quanto ao seu real tamanho e proporção. Por exemplo, se observar a uma certa distância uma cadeira, não teria dúvida nenhuma, mas ao chegar perto, posso perceber tratar-se de uma foto de uma cadeira e não de uma cadeira.

Os sentidos enganam: aqui você vê um pato ou uma lebre?

Portanto, chego a conclusão que meus sentidos podem me enganar, mas nem sempre isso deve ocorrer, haveria alguma hipótese de meus sentidos me proporcionarem algum conhecimento verdadeiro e indubitável?

Para responder a essa questão, utilizarei um argumento similar ao usado por Descartes:

Constato que estou aqui, sentado em uma cadeira, em meu escritório, utilizando um computador para escrever e rodeado de papeis e outros objetos. Como poderia eu negar estes fatos? Além do entorno, "como poderia eu negar que estas mãos e este corpo sejam meus?" Afinal, os vejo, os sinto!

Repare que posso negar sim estas verdades; Descartes sugere duas possibilidades:

  1. Posso ser louco e acreditar em ilusões
    Descartes desconsidera essa objeção pois não acha coerente raciocinar através do irracional;
  2. Posso estar sonhando
    Esse argumento é forte. Como disse Morpheus no filme Matrix: "se você estiver sonhando e nunca mais acordar, como saberia diferenciar o que é sonho e o que é realidade?" Quando sonhamos, não temos a nítida sensação das coisas, e ao acordar, algumas vezes não ficamos até perplexos por descobrirmos que tudo aquilo que vivenciamos, não passava de um sonho? Não seria possível, mesmo que remotamente, que ao invés de estar aqui em meu escritório escrevendo este artigo, eu esteja na verdade nu em minha cama sonhando que esteja fazendo isso?
Agora a coisa complicou, pois meus sentidos podem me enganar em tudo! Então, obedecendo os critérios do método proposto nessa meditação, tudo o que vier deles, devo descartar.


E então, sobrou algo em que acreditar?

Espere um pouco, posso estar sonhando com esses eventos, mas isso não significa que eles não existam, o computador, o papel, minhas mãos, meus olhos, minha cabeça... Por mais que esteja sonhando, essas coisas todas tem de ser baseadas em alguma realidade, pois tudo que venha de minha imaginação encontra alguma correspondência no mundo real. Não posso conceber a imagem de uma mulher sem nunca ter visto alguma na vida. Por mais criativo que seja, todas as formas que puder imaginar, por mais obscuras ou inexplicáveis que sejam, têm de conter correspondências, mesmo que sejam apenas as cores ou as formas contidas em sua concepção. E a matemática? Esteja eu sonhando ou acordado, 4 + 5 sempre será 9!

Por mais absurda que seja, a imaginação sempre é correspondente ao mundo real

Pois é caro leitor, Descartes mostrará que até essas verdades aparentemente irrefutáveis, podem ser questionadas, ou seja, que coisas como 4 + 5 podem não ser 9!



Mas isso fica para o próximo artigo, até lá!


Fontes: DESCARTES, René - Meditações Metafísicas, Meditação Primeira - Coleção "Pensadores", editora Abril
Matrix (1999) - Wachowski brothers

domingo, 3 de abril de 2011

Serie "Música do Outro Mundo" - Capítulo 4: África - Indicações e Resenhas


Continuando nossa serie "Música do Outro Mundo", apresento hoje alguns álbuns interessantes vindos do continente negro. É evidente que, devido a enorme extensão territorial e a tão vasta variedade cultural, seria impossível abranger tudo, então me proponho nas próximas linhas, a trazer alguns destaques de cinco regiões distintas e dessa forma, representar a música da África como um todo.

Mais uma vez, convido o caro leitor a viajar para outro mundo: a África!

MALI



Fantani Toure - N'Tin Naari 


1 - Sanka Nyonkon
2 - N'Tin Naari
3 - Doussouda
4 - Den Nado
5 - Barrow
6 - Domba
7 - Diyanieba
8 - Les Artistes








O impressionante CD de estreia de Fantani Toure é a primeira produção do estúdio Bamako de Salif Keita, o heroi da world music. Embora todas as oito canções sejam da autoria da própria Toure, a música é uma reelaboração contemporânea da música cortesã do antigo império Mali. O som do balafon (apresentado no capítulo 3 da serie), teclados elétrico, ngoni e violão ocidental são enfatizados pela intervenção da percussão. A voz de Toure é calma, segura e suave.

Veja e ouça Fantani Toure


MADAGASCAR



D'Gary - Mbo Loza

1- Gofo Libre
2- Atahora Fabibi
3- Mibaby Diavolana
4- Mare Rano
5- Lehibeny
6- Te-Beheloky
7- Ragnandria
8- Kinanga
9- Mbo Loza
10- Asmine
11- Manoro






Os virtuoses africanos ainda são relativamente raros, numa cultura em que a música tem sido uma atividade coletiva. D'Gary é uma exceção à regra com esta exibição solo. Este incrível e excelente guitarrista acústico está, sem dúvida, afinado com as expectativas ocidentais: as notas que acompanham o CD listam a elaboração e a afinação do instrumento, que varia de uma canção para outra. Ao transpor a música malgaxe e do continente para este formato ocidental, D'Gary se fez merecedor da escolhida de seu álbum pelo público.

Veja e ouça D'Gary, o mestre do violão

ARGÉLIA


The Toraia Orchestre - Ya Bay! 

1- Asmausemara
2- Absin
3- Ya Bay
4- Nar Houbi Techaal
5- Chataaraban
6- Ahdetli Varda
7- Uotaarefi Men Elihabek
8- Bir Ish Tamal Haav Ash
9- Ana Ou Anti Ou Anti Ou Ana
10- Dalamouni Habibi







Este relançamento de um disco dos anos 50, remasterizado digitalmente, apresenta as sedutoras vozes de Anissa Toraia e Zouninaa, apoiadas por uma orquestra contendo kannoon, oud, violinos e percussão africana. Trata-se de um dos primeiros exemplos de como elementos do Extremo Oriente, do Oriente Médio e africanos fundiram-se em um som islâmico genérico. Aqui encontramos uma qualidade atemporal, muito distante da Argélia de hoje, onde a música tornou-se objeto de perigosa perseguição.

Oud
Veja e ouça Anissa

ÁFRICA DO SUL

Yvonne Chaka - Chaka Bombani

1- Bombani
2- Reya Lots'ha
3- Kana Uchechema
4- "We" Towe
5- Saphel'isizwe
6- Sukulila
7- Baba Baxolele
8- I Miss You









Yvonne era uma excelente jovem intérprete do final do período do apartheid, muito ligada à África. Este disco traz as raízes de sua música e começa com a intrumentação tradicional, que se tornou quase extinta na música sul-africana. Muitos elementos da herança do país, inclusive as inequívocas harmonias vocais, foram integrados a esta gravação, cujo único senão é a inexplicável inclusão de uma canção soul/pop inglesa.

Veja e ouça Yvonne cantar Bombani


CONGO/ZAIRE

Franco & Le TP Ok Jazz - Likambo Ya Ngana

1- Likambo Ya Ngana
2- Nbanda Nasali Nini?
3- Siluwangi Wapi Accordéon?
4- Ngaï Tembe Eleka
5- Matata
6- Casier Judicaire
7- Mwasi Tata Abali Sika
8- Tout Se Paie Ici-Bas
9- Nzoto Na Makanisi
10- Abanza
11- Nzube Oleka Te
12- Ngoma Nganga




Este é um dos melhores dos mais de 60 CDs póstumos de "Le Grand Maitre" que foram lançados após sua morte em 1989. As três faixas iniciais, com música de raiz congolesa, datam do início dos anos 50, com um anacrônico acompanhamento de acordeão para o violão de Franco. Nas faixas seguintes, temos cantores de vozes suaves e instrumentistas disciplinados, e chegamos ao esplendor do jazz de OK. A rumba congolesa foi feita para se dançar, mas Franco, em seus inícios, é basicamente para ser ouvido.

Veja e ouça Franco e sua OK Jazz Orchestra


Assim finalizamos os capítulos sobre a África, semana que vem vamos visitar "outro mundo", até lá!
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