A Serious Man (2009)
Direção: Joel e Ethan Cohen. Com Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Fred Melamed, Sari Lennick e Aaron Wolff.
Sinopse: Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg) é um professor de física que tem um mundo limitado, mas satisfatório: esposa, filhos, um bom emprego e sua fé. Seu único problema é ter que abrigar o irmão desempregado. De uma hora para outra, uma nuvem de adversidades se abate sobre ele e para resolvê-las, busca as respostas com seus líderes espirituais. Mas ele descobre que em muitos momentos terá que colocar seus princípios à prova.
Indicações ao Oscar 2010: Melhor filme e melhor roteiro original.
Aviso: esse texto contém spoilers
É sempre com grande satisfação e interesse que pego um filme dos irmãos Cohen para assistir. Suas formas diferenciadas de enxergar o cinema e o sarcasmo típico serviram para contar histórias incríveis como O Grande Lebowsky, Ajuste Final, Onde os Fracos Não Têm Vez, Matadores de Velhinhas, etc. Aqui, com O Homem Sério, eles resolveram voltar sua artilharia para um mundo que conhecem bem: o dos judeus.
Larry, nosso homem sério, é um cara cheio de valores impostos pela religião e costumes, que é plenamente satisfeito com sua vidinha sem grandes sobressaltos. Só que a vida real não é assim e não existem grandes problemas que não possam ficar ainda maiores.
Inconformado com as "provações" que está passando - a traição da esposa, a separação, filhos que não lhe dão nenhum respeito, difamações no trabalho, o irmão melodramático e fracassado, dificuldades financeiras, etc. - Larry procura aconselhamentos e respostas com os rabinos de sua comunidade. Passa por diversos membros da hierarquia (o que proporciona diálogos hilários), mas não encontra a solução, restando portanto a última esperança: o rabino mais idoso e da mais alta hierarquia, porém, de acesso restrito. Nesse íterim, o mundo à sua volta se despedaça e lhe resta apenas os sonhos "pecaminosos" com a vizinha gostosa e fugas cinematográficas. Mas os irmãos Cohen não permitem que nem nos sonhos Larry seja feliz, pois os desfechos são sempre trágicos.
O filme não tem atores atraentes e famosos, cenas de ação ou clareza explícita de roteiro, por isso acredito que não agradará muitas pessoas, porém as mensagens que ficaram claras para mim são:
1 - Resolva seus problemas pois ninguém irá resolvê-los por você
2 - A religião não leva a nada e não responde nada - faça você mesmo sua vida - faça dos limões uma limonada.
3 - A religião cega e torna as pessoas malucas (conforme a introdução do filme deixa clara).
4 - Por mais princípios que se tenha, a premissa sempre será a auto-preservação, portanto os "homens sérios" são hipócritas.
5 - Se existe Deus, ele não está nem aí com a humanidade (como deixa claro o final do filme).
Evidentemente que isso tudo não são verdades absolutas, apenas pontos de vista, concordemos ou não.
Outra instituição que é sumariamente destruída pelos Cohen é a família: a mulher que trai mesmo sem motivos claros, o irmão doente só incomoda ao invés de causar compaixão, o filho que vive drogado e a filha nervosinha que assalta a carteira do pai, e tudo isso na maior normalidade.
Apesar de ter me divertido com as tiradas do filme (a cena do Bar-Mitzvah é impagável), confesso que ao terminá-lo, fiquei sem ter a certeza do que achei dele, ou seja, se gostei ou não. Após refletir, cheguei à conclusão de que embora esteja abaixo da (alta) média dos filmes dos Cohen, está acima da média da maior parte dos filmes lançados hoje em dia. Portanto, concluo dizendo que o filme é bom.
Nota: 7 (bom, mas um filme abaixo da média dos irmãos Cohen)
P.S. A trilha sonora com Patti Smith é sensacional e a atuação de Stuhlbarg é ótima.
Trailer: