domingo, 14 de fevereiro de 2010

Os Três Tenores – Parte 2

Não perca a parte 1! Para ver, clique aqui.

Quem foram os melhores três tenores da história?

enrico_caruso[1] gigli[1] bjorling[1]

Caruso, Gigli e Björling (fotos acima), são tidos amplamente como os maiores tenores do século XX, mas Mario Del Monaco, Carlo Bergonzi e Alfredo Kraus são muito admirados por cantar o repertório lírico italiano de maneira idiomática, e com estilo.

Caruso, Gigli e Björling fizeram seus nomes em algumas óperas de Donizetti, revivals ocasionais de Gluck, Verdi, Puccini, Leoncavallo e Mascagni. O repertório alemão era deixado de lado, com Caruso uma vez cantando umas poucas récitas de Lohengrin.

Enrico Caruso (1873 – 1921)

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Caruso criou vários dos papéis que ele cantou, como o herói de Puccini em “La Fanciulla del West”. Foi o primeiro tenor a ser extensivamente gravado; mais de 250 documentos de seu canto sobrevivem entre 1902 e 1920, pouco antes de sua morte.

Não temos ideia de como ele era em papeis inteiros, mas há muitos duetos e cenas de conjunto. Que ele conseguia injetar vida em cada frase era inquestionável. Mas os sons de Caruso sobrevivem a tudo, e a precisão com que sua voz era calculada pode ser indicada pela maneira como ela se torna espessa e escura ao longo dos anos. (ouça sua voz no player localizado no final do post)

Benamino Gigli (1890 – 1957)

gigli101[1]

A extensão vocal de Benamino Gigli (até um fácil Dó agudo) e a exuberância emocional foram amplamente saudados em óperas de Puccini, Donizetti e Verdi. Com Gigli há óperas completas, ao lado de grandes nomes em “Tosca”, “Butterfly” e “Ballo”. Como sua sonoridade era melíflua*, ele brilha em canções, como a “Mattinata”, de Leoncavallo.

Ele parece ter nascido cantando, e o esforço de Caruso não aparece na “Vesti la giubba” de Gigli.

*melíflua: voz suave, doce como o mel

 

Jussi Björling (1911 – 1960)

bjorling[1] (2)

Tido pela viúva de Caruso como o tenor mais próximo de seu marido. Sua sonoridade prateada foi inevitavelmente chamada de nórdica, sugerindo uma certa distância. Ele não tinha grandes dotes de caracterização. Mas, com uma voz tão bonita, há um distanciamento expressivo, o que faz que, em sua famosa ária do primeiro ato de “La bohème”, a ternura e o calor estejam no tom certo. Escolheu o repertório de maneira cuidadosa, com seu papel mais enérgico sendo, assim como Gigli, o “Réquiem” de Verdi.

Ouça os três maiores tenores da história no player do final do post!

E os três tenores de hoje?

Luciano Pavarotti (1935 – 2007)

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Tenor italiano. Estreou em 1961, especializando-se logo em papeis de belcanto, nos quais, com seu estimulante registro extenso, era excepcional. Na década de 70, começou a extender o olhar na direção dos papeis do verismo e, nos anos 80, sua voz tinha perdido muito do calor dos primeiros anos.

Soberbo em Rossini, Bellini, Donizetti e no Verdi inicial, mas a ser evitado no último Verdi, Puccini, Giordano e ópera verista.

Plácido Domingo (1941 – )

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O tenor espanhol é o mais gravado da história. Amealhou um catálogo vasto de papeis, incluindo o de Pery, na ópera Il Guarany, de Carlos Gomes (brasileira, sim senhor!). É muito forte em Verdi – o melhor Otello, um papel jamais tentando por Gigli, Caruso ou Björling – e seu Wagner resultou em interpretações frescas e imediatas.

Sua voz mudou, como um barítono puxado para cima.

 

 

José Carrejose-carreras[1]ras (1946 – )

O tenor espanhol estreou em 1970, estabelecendo-se logo como herdeiro de Giuseppe di Stefano, com sua voz natural, ressoante e de grande extensão. Descontente com os papeis unidimensionais das óperas do belcanto, buscou novos desafios na última metade do século XIX. O esforço nos papeis veristas, e a batalha com a leucemia, deixaram sua voz uma sombra do que era.

 

 

 

E os três tenores de amanhã?

O siciliano Roberto Alagna tem sido trombeteado como sucessor, e foi lançado nas luzes da ribalta, e em parte, graças à sua relação com a soprano estelar Angela Gheoghiu, porém, em forma – como em seu Romeu – pode ser apaixonadamente expressivo.

Tempos atrás, triunfou ao substituir Pavarotti em um Réquiem, de Verdi, televisado.

O argentino José Cura tem uma voz escura e sentido forte de teatro, mas, para a beleza de som pura, no estilo de Pavarotti; Andrea Bocelli é difícil de derrotar.

Fonte: Revista Classic CD, nº 21

  

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cura1.jpg[1]

Andrea Bocelli, José Cura e Roberto Alagna; seriam os novos 3 Tenores?

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AUDIÇÕES

Como a ideia é mostrar as vozes dos nove tenores citados, para efeito de comparação, escolhi a mesma música para vários intérpretes. Vocês ouvirão várias versões das belíssimas Nessum Dorma e E Lucevan Le Stelle, ambas de Puccini. Recomendo a audição de todas as versões para que fiquem bem caracterizadas as diferenças de vozes e interpretações.

É importante mencionar também que algumas faixas foram gravadas a quase 100 anos atrás e, portanto, a qualidade sonora não está tão perfeita; mas achei importante colocar assim mesmo, como um documento histórico. Peço que o ouvinte desconsidere essas deficiências ao julgar a qualidade de tão impressionantes cantores.

Depois me escrevam pra dizer qual deles é seu favorito!

Boa audição!

01 – E Lucevan le stelle – Andrea Bocelli

02 – E Lucevan le stelle – Plácido Domingo

03 – E Lucevan le stelle – José Cura

04 – E Lucevan le stelle – Luciano Pavarotti

05 – E Lucevan le stelle – Jussi Björling

06 - Ah! Non mi ridestar – Beniamino Gigli

07 – Ah! Ne fui pas encore – Roberto Alagna (em dueto com sua esposa Angela Ghorghiu)

08 – Nessun Dorma – José Carreras

09 – Nessun Dorma – Luciano Pavarotti

10 – Nessun Dorma – Jussi Björling

11 – Nessun Dorma – Plácido Domingo

12 – Una Furtiva Lagrima – Enrico Caruso

té mais!

4 comentários:

Sergio disse...

Valeu, me acompanhar, Rodrigo, gostei por demais daqui tbm!

Rodrigo Nogueira disse...

É um prazer a leitura de seu blog Sergio. Obrigado por estar presente por aqui!

Abração!

Anônimo disse...

Post fantástico! É importantíssimo levar cantores tão brilhantes ao conhecimento do povo.

Rodrigo Nogueira disse...

Valeu pelo apoio!

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