Sim, saudade. De escrever, do blog. Saudade de você!
Cá estou eu com um artigo difuso, honesto... Com tempo, e quem sabe: return to forever!
FUSION
A ousadia de misturar R&B, Funk, Rock e Jazz coube primeiramente ao gênio criador de Miles Davis. Seus colaboradores e discípulos ampliaram a sonoridade do estilo com ritmos orientais, latinos, música clássica, etc. Seus admiradores desenvolveram o conceito do rock progressivo e seus diversos desdobramentos que vem ocorrendo até hoje.
Para se tocar Fusion, uma coisa é essencial: você tem que dominar totalmente seu instrumento, de preferência ser um virtuose. Principalmente por causa disso, os grupos de Fusion, em sua maioria podem ser considerados "supergrupos". Não no sentido que se dá hoje em dia ao termo, que nada mais é do que a reunião de (ex) membros de bandas famosas, mas no sentido de reunir músicos que são verdadeiros monstros e referências para os instrumentos que tocam.
Um dos exemplos mais evidentes de supergrupo, sem dúvida é o Return To Forever.
RETURN TO FOREVER
Vindo diretamente da incubadora do Fusion, de seu marco zero: algo entorno de In A Silent Way e Bitches Brew (ambos discos de Miles Davis), o pianista/tecladista/arranjador Chick Corea resolve sair da enorme sombra de Davis e colocar em prática suas ideias musicais com um grupo próprio. Em 1972 surge o fantástico Return To Forever.
Formado inicialmente por Corea (teclado, piano), os brasileiros Airto Moreira (bateria, percussão) e Flora Purim (vocal, percussão), Joe Farrell (sax, flauta) e o jovem fenomenal baixista Stanley Clarke, o grupo trilhou o caminho do Fusion com ênfase maior no som latino.
O supergrupo encerrou suas atividades em 1977, mas retornou a ativa em 1983 até resolver parar de novo em 2007, embora tenha realizado vários revivals nesses períodos de ausência. No decorrer do tempo, sofreu diversas mudanças em sua formação e proposta musical. Confira abaixo sua estelar lista de membros:
Chick Corea (teclado, piano) 1972 até hoje
Flora Purim (vocal) 1972-73
Joe Farrell (sax, flauta) 1972-73; 1977
Stanley Clarke (baixo) 1972 até hoje
Airto Moreira (bateria, percussão) 1972-73
Bill Connors (guitarra) 1973
Steve Gadd (bateria) 1973
Mingo Lewis (percussão) 1973
Lenny White (bateria) 1973-76; 1983 até hoje
Earl Klugh (guitarra) 1974
Al Di Meola (guitarra) 1974-76; 1983 até hoje
Gayle Moran (vocal, teclado) 1977
John Thomas (trompete) 1977
James Tinsley (trompete) 1977
Jim Pugh (trombone) 1977
Harold Garrett (trombone) 1977
Gerry Brown (bateria) 1977
Ron Moss (trombone)1977
Frank Gambale (guitarra) 2010 até hoje
Jean-Luc Ponty (violino) 2010 até hoje
O grupo passou por dois longos hiatos: 1977-82 e 1984-2007
WHERE HAVE I KNOWN YOU BEFORE
Para quem quiser conhecer o grupo, talvez uma excelente porta de entrada seja este álbum. Lançado em 1974, Where Have I Known You Before foi o primeiro a contar com a prodigiosa participação do incrível guitarrista de apenas dezenove anos Al Di Meola. O line up completo do disco é:
Chick Corea (teclado, órgão, sintetizador, percussão)
Stanley Clarke (baixo, órgão)
Lenny White (bateria, percussão)
Al Di Meola (guitarra, violão, violão 12 cordas)
O disco começa com a extraordinária Vulcan Worlds, uma eletrizante faixa iniciada pelo piano elétrico de Corea com um tema de arpejos ascendentes e limpos contrabalançados pela guitarra distorcida e suja de Di Meola. A cozinha estelar formada por Clarke e White é frenética e carregada de groove - a quebradeira rítmica na sequência serve de pano de fundo para os fraseados em diversos timbres de sintetizadores e dos solos de guitarra. Aliás, temos um excepcional solo de baixo no miolo da música. Essa é para ouvir dez vezes para curtir e observar cada instrumento individualmente - espetacular!
O disco apresenta algumas vinhetas introdutórias executadas individualmente por Corea que são: Where Have I Loved You Before, Where Have I Danced With You Before e Where Have I Known You Before.
A faixa The Shadow Of Lo é aberta com uma bela e lenta melodia que após longos minutos de pura curtição é transformada em um fusion acelerado para depois tornar-se cadenciada e sincopada, um verdadeiro caleidoscópio sonoro.
O destaque final é a épica Song To The Pharoah Kings que demonstra a criatividade e alcance da banda.
Um disco excepcional, vale a pena ter na sua discoteca! Quer um aperitivo? Segue abaixo na íntegra a faixa Vulcan Worlds.
Até a próxima postagem!